domingo, 31 de março de 2013

Treino 52 - Que trazes pra mim?

O domingo de Páscoa (que você tenha passado a sua com saúde, alegria e, se possível, próximo daqueles que ama) por aqui começou bem cedo. Opções esportivas não faltaram. O calendário do Circuito Joseense de Corridas de Rua foi oficialmente aberto em 2013, com a Corrida "Água é Vida!", promovida pelos colegas da Tribe of Runners, no mesmo local e percurso semelhante ao da prova que realizamos no final de fevereiro. Havia também, não muito longe e divulgada com mais antecedência, a prova em Salesópolis, onde nasce o Tietê (só conhecia onde ele "morre"). Ambas provas com valores de inscrição módicos comparados à média. Bom saber que elas ainda resistem, apesar de tudo...

Vai chegar o dia que corrida barata só vai ter essa...
Mesmo assim, optaria por fazer algo ainda mais barato. Gratuito, na verdade: treinar, seguir aquilo que a planilha previa para a data. Sigo resistindo ao canto da sereia e, apesar de saudoso do ambiente das corridas e  mais ainda de seus frequentadores(as), tenho orgulho de estar mantendo minha promessa. Meu bolso agradece e os meus objetivos também. O vício em corridas pode não ser tão pernicioso quanto outros. Mas não deixa de ser um vício.

Quem decide o que faço sou eu
A pedida do dia era um daqueles maçantes treinos de pista. Com a confirmação da minha presença na prova de 50 km para o final de abril, eles ganharam ainda mais importância no cronograma. Viraria questão de honra fazer um decente, sobretudo depois do pífio desempenho (mais mental do que físico) na última tentativa, em meados de março. Comecei trocando de cenário. Nenhum dos que eu usara da vez anterior. Voltaria ao lugar onde tudo começou, quase dez anos atrás.

Esboço em cinza
A Área Verde não tem uma pista de atletismo oficial, como a do PET paulistano, a da Praia Grande, onde terei de rodar "só" 125 vezes no mês que vem; ou mesmo a do João do Pulo, aqui por perto. Mas não deixa de ser semelhante. A volta é um pouco maior, cerca de 650 metros na pista externa, em concreto. Daria preferência à interna, de terra e cascalho, com algo em torno de 620 metros. Difícil mesmo é saber com exatidão. O GPS simplesmente surta ali, em meio a tantas árvores.

Lugar de correr e contar histórias
Mas a grande vantagem por lá é o sossego. Não há congestionamento de feras do atletismo treinando e nem vergonha de dar aqueles trotezinhos levíssimos (ou pior, tiros) na frente delas. No que cheguei lá, pouco antes das oito da manhã e depois de uma caminhada de aquecimento com cerca de um quilômetro, desde meu prédio, só havia uma ou outra vivalma. Andando. Correndo mesmo, ninguém. Mais tarde até chegariam alguns. Nenhum, entretanto, ficaria mais tempo que eu. Estava disposto a seguir a receita de bolo até o fim. Custasse o que custasse...

Faltou o terno. E os óculos.
Começaria os giros com uma inusitada companhia: um vira-lata branco, que veio me seguindo desde a avenida e entraria comigo no parque. No começo, fiquei com um certo receio. Dentada na canela não é nada agradável (e nem vacina anti-rábica). Depois vi que o bichão estava querendo mesmo só brincar. Só não toparia a parada por muito tempo. Na segunda volta, já estava com um palmo de língua para fora e procurando outra pessoa para se divertir com. Ficou de aparecer nos treinos de quarta-feira à noite, mais curtos.

Nenhum desses
Sozinho, segui o script rigorosamente. Daria dez voltas, desviando em todas elas de um caminhão da secretaria de serviços estacionado bem em uma das quinas. Se reclamei do mau estado de conservação em postagem anterior, não posso me contradizer ao também protestar quanto à manutenção do local. Azar meu que tenham deixado bem para o dia e horário do meu treino... Fazer o quê? Com o estoque de carboidrato em gel zerado, saquei do bolso um Bis de chocolate branco com frutas vermelhas. Se dá no mesmo, sinceramente não sei. Mas até que caiu bem. Os generosos goles d'água do bebedouro, idem.

Até que é gostoso
Sem cronometrar o intervalo, mas julgando que ele não tenha passado de dois minutos, retomei o trote. Dessa vez, propositalmente, não faria a transição com volta(s) em caminhada. Inverti a direção e, ainda pela pista de terra coalhada de pedregulhos (não precisava!), rodaria mais dez voltas, agora no sentido horário. O veículo havia se movido para a reta e atrapalhava um pouco menos. Havia mais gente correndo, provavelmente estranhando minha baixa velocidade (não sei se é paranoia, mas ouvi murmúrios do tipo). Cansei de ver gente correndo forte e parando logo depois. Estava ali treinando minha resistência. E paciência. Nisso, estava mandando bem.

Nessa, até que eu sou bom...
Mais uma paradinha, mais um banho de torneira. Agora só faltava um terço, mas já começava a me aborrecer com a dificuldade de passar pelo trecho "interditado" (na maior folga, o motorista ainda abria as portas para deixar ainda mais estreita a passagem), somado ao desgaste natural do avançar do treino e da hora. Resolvi então dar as últimas dez voltas pela pista de concreto. Seriam vinte metros ou pouco mais a cada giro, mas compensaria com mais tranquilidade e piso menos irregular. Cinco voltas no sentido contrário ao dos ponteiros, meio minuto de intervalo e mais água goela abaixo. E as cinco últimas rodadas em torno do parque seguindo o fluxo do relógio. Haviam se passado mais de duas horas corridas, pouco menos que isso de "tempo líquido". A missão havia sido concluída com êxito.

Exceto quando cantou... Mas missão dada, você sabe...
Com os estimados 19,1 km deste treino pascal, fecho a semana com 65 km rodados e o mês de março com 257 km no total. Podem até não ser números superlativos, condizentes com alguém que se dispõe a fazer provas de longa distância. Mas começo, aos poucos, a me reconhecer novamente como aquele camarada capaz de surpreender a massa cética. É um processo, não acontece da noite para o dia. Pode dar tudo errado (como também pode não). Mas há sinais de que o caminho está correto. E essa sensação, que eu conheço bem, é gratificante demais. Dá até para comemorar com um chocolatinho, certo?

Ô, perdição!

8 comentários:

  1. Grande Samurai
    Sentimos sua falta no "Água é Vida!", mas vc está certo. Objetivo estabelecido, temos que concentrar os esforços na sua busca.
    Abraço

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    1. Vendo as fotos e tanta gente bacana por lá, fiquei ainda mais chateado por não ter ido. Mas é um sacrifício válido, que tenho certeza que vai me render algo de bom mais à frente, meu amigo. Valeu pela força. Abração!

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  2. Olá Fábio.
    Seu foco e sua persistência são motivadoras. Parabéns por seguir o que estabeleceu.
    Comprei um desse bis de fruts vermlhas e estou na expectativa para experimentá-lo.

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    1. Obrigado, Luiz. É bom voltar à "estrada"... Divertir-se é fundamental, mas seguir o caminho (e o planejamento) também é muito importante.

      Tem aquele gostão artificial de frutas vermelhas, que é um aromatizante padrão para tudo que leva esse nome. Mas, de qualquer maneira, é melhor que gel sabor baunilha... ;-)

      Abraço!

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  3. essa sensação de estar no caminho certo faz tudo valer a pena!

    parabéns pelo super treino, de resistência e paciência, principalmente paciência com as pedras-caminhões no meio do caminho:)

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    1. Faz mesmo, Elis. Sempre!

      Pedras, caminhões, cachorros (se bem que esse era manso)... Fácil não é. Mas a gente segue em frente.

      Boa semana e bons treinos.

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  4. Com foco, força, paciencia e resistencia voce vai longe, Fabio.

    Parabens pelo treino, sei o quanto nao e facil rodar e rodar, mas no final, é bom demais. E se tiver na planilha e quiser 20 voltinhas no Vicentina Aranha amanha ou quinta, so avisar.

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    1. Obrigado pelas palavras de incentivo, Odila. Eu me inspiro muito na sua rápida e brilhante evolução e nas suas conquistas.

      Essa semana, o treino punk é no domingo, oito (teóricas) horas de rodagem. Vou fazer só treininhos leves durante ela. Aliás, fica o convite pra você nos acompanhar no de quinta à noite, saindo do estacionamento da rodoviária nova.
      http://www.mapmyrun.com/routes/view/187153976

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