sábado, 2 de março de 2013

Treino 33 - A Cesare o que é de Cesare

Um efeito colateral de, pela primeira vez, estar destrinchando publicamente uma preparação para uma prova-alvo é um certo e involuntário dourar de pílula. Venho tentando tornar os treinos interessantes o suficiente para que possam, de alguma forma, prender a atenção dos (poucos) que me leem, acompanham e torcem por mim. E acabo fazendo com que eles, os treinos, também fiquem mais interessantes para mim mesmo. Evito repetir percursos e cenários, ser maçante ou sistemático. Sim, é um caminho árduo e levado muito a sério, como sempre foi. Mas por que não também fazê-lo divertido?

Correr é para deixar feliz; para o contrário, há o resto
A planilha para esta sexta-feira previa uma sessão de uma hora na pista. Um daqueles treinos que não são lá muito agradáveis de fazer. Mas muito importantes, sobretudo para quem pretende enfrentar uma prova justamente neste tipo de habitat. Não tinha muito tempo disponível, um compromisso me aguardava no início da noite. Não tive dúvida: ao invés de ir até a pista de atletismo propriamente dita, improvisaria uma mais perto de casa.

Pista é pista, mesmo que não seja A PISTA
A Praça Mario Cesare Porto, antigo centro comunitário homônimo, fez parte da minha infância e adolescência, morador do bairro Jardim Satélite que sou desde os anos setenta. Joguei futebol poucas vezes no seu rapadão, campo de terra que deixava todo mundo com a mesma cor de camisa, marrom, ao apito final. Na velha pista de skate, meu irmão Claudio e sua turma eram bem mais assíduos. Mas bati muita bola naquela quadra de areia, joguei vôlei, frequentei festas juninas e de aniversário do bairro. E, D. Janete que não nos leia, tive lá meus (vários) namoricos de solteiro também.

Já fui bom nisso...
Uma grande reforma, na virada do milênio, transformou o velho centro em uma ampla praça aberta, sem o campo de pelada e as quadras, mas, deixando no lugar, uma pista de caminhada e cooper, um palco para apresentações musicais (quase sempre de gosto duvidoso) e teatrais, playgrounds para a criançada, academia ao ar livre (elas estão em toda parte!), bancos e belos jardins para admirar. Ao lado da movimentada Avenida Cassiopéia e tendo como vizinhos duas das maiores escolas do bairro (além de outra, pré-escolar, num dos cantos do terreno), o distrito policial, a igreja católica e um supermercado. Bem no coração do "Satelão" velho de guerra.

Riscando a praça
A pista de concreto tem lá os seus atrativos. Para início de conversa, é ligeiramente maior que a oficial de atletismo: tem, segundo a medida do GPS, 465 metros. Fica em um terreno razoavelmente inclinado, sendo, portanto, bem menos monótono (e mais "desafiador") correr nela. É praticamente vazia, ao contrário do disputado solo do poliesportivo João do Pulo, por exemplo. Mas acaba tendo nisso também uma desvantagem. Ser o único a correr em um local o torna alvo automático de olhares curiosos dos outros frequentadores: a molecada do halfpipe, os "bicicleteiros", os transeuntes, os casais de namorados, os desocupados em geral... Por mais que o tempo passe e os velhos bullies dos tempos da obesidade tenham ficado para trás, não me acostumo a (e não curto) ser o centro das atenções.

Discreto demais para isso...
Outro "probleminha" da praça é a sua concentração de fumantes por metro quadrado. Durante o dia, os convencionais. À noite, já senti muitas vezes uns odores jamaicanos por lá, apesar da proximidade com a delegacia. Não sou aquele ex-tabagista chato, que evita até ficar perto dos amigos que continuam insistindo na burrice. Mas cheiro de cigarro é ruim demais. Ô, catinga! Durante a corrida, então, pior ainda...

Com o perdão da imagem forte
Dei dez voltas e meia na pista, fugindo da fumacinha alheia. Parei no bebedouro para um gole d'água de menos de um minuto. Fiz umas gracinhas, subindo as escadarias, passando por trechos fora do eixo principal para, logo em seguida, inverter o trajeto, como acontecerá na prática a cada duas horas no dia da ultramaratona de vinte e quatro.

Em ritmo tranquilo, cumpri os dez quilômetros e vi, cento e quarenta metros depois, o relógio mostrar uma hora completa de treino. Um dos bons, cumprindo (quase) fielmente o roteiro pré-determinado e voltando a um lugar onde não corria há tempos. Variando a "dieta", para torná-la mais palatável e menos enjoativa. Vem funcionando bem até aqui. Que assim siga.

Link no Garmin Connect:
http://connect.garmin.com/activity/278999322

Resumo do treino:

Um comentário:

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