Podem me acusar de qualquer coisa nessa vida, menos de ser um cara que se conforma com a mesmice. Por isso talvez eu esteja sentindo tão pouca falta, muito menos do que acreditava que iria sentir, das corridas de rua. O começo de ano, tradicionalmente, costuma ser meio fraco de eventos no calendário. Mas ainda assim, em 2012, a essa altura do ano, eu já havia feito nada menos que
dez provas. Em 2013, são apenas três até agora, a quarta deve acontecer no próximo final de semana em Barueri, exatamente um mês depois da última, a Corrida de Verão 100 Juízo & Tribe of Runners.
Você é um viciado (não gosto de usar essa palavra feia em relação ao esporte, mas...) em corridas, daqueles que têm até "síndrome de abstinência" ao não ver seu nome na lista de participantes? Fica a mensagem de esperança: há cura.
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Aqui tinha... |
É esse espírito inquieto, em eterno contraste e conflito com minha natureza discreta,
low profile, que me leva a bolar sempre umas maluquices, no bom sentido da palavra, como essa. Que só saem do papel porque me juntei a uma turma tão maluca quanto... Que compram as ideias, topam quaisquer paradas, incentivam a colocá-las em prática. E, quando parece que eu finalmente vou sossegar um pouco, ficam
catucando para que eu invente novas e boas doideiras. O que seria de mim sem essa galera insana (e magnífica)?
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O mais normalzinho aí rasga nota de € |
Não houve frio, não houve vento, não houve chuva e nem horário avançado que segurasse em casa essa parte da patota nessa véspera de novo feriado, primeira vez que celebramos por aqui o dia de São José, padroeiro e inspirador do nome da cidade. Como a academia estaria fechada no dia seguinte, aproveitei o horário livre antes do treino para adiantar a série de musculação prevista. Tomando, claro, o cuidado de pegar levíssimo nos exercícios para a musculatura inferior.
Vendo pela janela a garoa fina, mas chatinha e insistente, caindo, cheguei a pensar que seria um treino para meia dúzia de valentes. Os comentários na página do evento no Facebook eram desanimadores. Quando enfim deu onze da noite, saí de casa e passei no caminho pela
padoca, para garantir a minha parte do lanchão comunitário. Cheguei ao estacionamento do parque, palco de muitos e memoráveis encontros esportivos e por lá só encontraria a princípio o amigo e
rei da montanha Wilson. Comentei com ele: opa, se tem dois, já é treino coletivo... E tome esperar a turminha chegar, na maior
friaca.
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Terra de extremos |
Foi chegando um, foi aparecendo outro... Rostos comuns dos treinos de sempre, mas também gente que nunca tinha vindo antes, atraídos pela novidade. Não ligo para o tamanho da lista de presença, não sou
poser, não curto mais as fotos que o treino em si. Simplesmente gosto de compartilhar com os meus amigos e companheiros de esporte aquilo de bom que ele tem para nos proporcionar. E fiquei contente ao ver a expectativa superada.
Não foram os trinta e tantos confirmados na "página oficial", mais vinte e poucos que ficaram em cima do muro... Mas os dezessete guerreiros, mais os corajosos cinco acompanhantes que deram as caras por lá, subiram ainda mais no meu conceito. Sobretudo porque não se tratava só de um treino, mas também de uma ação beneficente. Foi solicitado que os participantes trouxessem caixas de bombons, que serão posteriormente repassadas para doação a crianças carentes, por ocasião da Páscoa (como já havíamos feito em outubro, arrecadando brinquedos para o Dia das Crianças). Foram poucas, mas tenho certeza de que de coração. E agradeço demais a quem colaborou.
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Bombom custa muito menos que ovo de chocolate; e deixa quem recebe tão feliz quanto |
Meia-noite em ponto, depois de breve
congresso técnico para descrever o trajeto montado pelo novo, mas já muitíssimo atuante maluco do asfalto Paulo Guimarães (mesmo correndo, e muito bem, na véspera a Meia Maratona de São Paulo, ele apareceria não para treinar, mas para acompanhar de carro os
treinandos e registrar belíssimas imagens do evento), deixaríamos o Santos Dumont rumo ao quase vizinho Vicentina. Era madrugada. A cidade era nossa.
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Liberdade, liberdade |
O grupo começou coeso e compacto seguiria por algum tempo. Mas não dá para manter artificialmente juntas pessoas de ritmos tão distintos. Mourão, Tiago, Giovani, Rafael e Wilson sumiriam na noite a partir da São João. Nosso bloco ficaria, além de mim, com Toninho, Edson, Luis Carlos, Tonico, Wagner (não aquele, outro, estreando conosco) e a visita ilustre do amigo Giba, vindo especialmente de Taubaté (onde NÃO ERA feriado no dia seguinte). E você aí, que mora a duas quadras, debaixo do cobertor,
tsc, tsc...
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By night |
Véspera de feriado é também dia de balada e não faltariam
botequeiros & botequetes pelo caminho para estranhar, zoar ou até mesmo elogiar aquela inusitada trupe percorrendo as avenidas da cidade. Muitas figuras bem mais habituais
da madruga que corredores, no território deles, o circuito Anchieta - Borba Gato - Luiz Jacinto. Convivência pacífica, felizmente. Deixaríamos a região central pela gelada e cheia de poças Via Norte, passaríamos sem medo pela lateral do cemitério de Santana, retornaríamos pela Rui Barbosa e Olivo Gomes, passando pelo terceiro parque, o da Cidade, da noite. E escalaríamos as pirambeiras, do viaduto e principalmente da Névio Baracho, com o coração na boca. E felizes da vida.
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Ladeirão sem fim |
De volta ao centro, não faltaria a tradicional passagem pelo calçadão da Sete de Setembro, tradicional região popular de compras, inacessível para corredores durante o expediente comercial, exceto aqueles que levam mercadorias nas mãos (ou bolsos)... E têm seguranças em seu encalço! Passagens rápidas pela R. Floriano Peixoto e Av. Dr. João Guilhermino. E estávamos de volta à Adhemar de Barros, retão onde completaríamos o trajeto. Da turma, restava o Tonico, inteirão depois de correr os 21,1 km paulistanos na véspera. Mas que não resistiu ao meu avassalador
sprint final (risos!).
À nossa disposição, depois dos doze quilômetros e uns quebrados, estavam uma torta salgada da D. Ana, um bolo de fubá da D. Marlene (acho eu) e outros bolos, roscas, café (de madrugada não rola), isotônicos, sucos (sem soda cáustica) e até colomba pascal... Que quase foi com papel e tudo goela abaixo! Muito mais calorias que as gastas na atividade. Mas quem se importa? O que vale é a
matemática do dia-a-dia. E estar entre amigos, se possível, com a mesa farta. E, mesmo que não, com a mesma alegria de sempre.
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Eta, povo glutão! |
Ficaríamos ali, no bate-papo, até perto das duas da
matina... Mais um pouco, chegava o pessoal da feira e da banca de revistas. Na expressão de cada um, a satisfação de ter feito algo diferente e muito divertido. Disse para o Toninho, repito e assino embaixo. Não troco isso por corrida
nenhuma.
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Na madrugada |
Link no Garmin Connect:
http://connect.garmin.com/activity/286248634
Resumo do treino:
Parabéns pela ideação do treino; parabéns a todos os amigos de São José, galera 100 Juízo, mas com muita consciência, física e solidária. Muito obrigado a todos pela calorosa acolhida. Prometo aparecer novamente... Como eu já disse, parabéns por fazer desse esporte eminentemente solitário algo tão coletivo e, ao mesmo tempo, solidário. Abçs, GIBA.
ResponderExcluirMuito obrigado, Giba! Foi uma honra recebê-lo em nosso treino. Espero que o primeiro de muitos. Se pudermos conjugar o prazer de praticar o esporte com o de fazer o bem através dele, estaremos sempre satisfeitos e com a sensação da missão cumprida. Grande abraço e até os próximos treinos e corridas.
ExcluirParabéns aos malucos do asfalto por mais um treino, agora "Noturnico madrugador".
ResponderExcluirLegal
Essa é a parte boa Namiuti, correr sem preocupação, com amigos, na rua a qualquer hora e poder se divertir.
#aisim
Abraço
Colucci
Valeu, Colucci! A galera gosta. Já é o segundo que fazemos e o quarto de que participamos, contando também os dois últimos Challenge Days.
ExcluirSigamos com os treinões, com muita diversão e pouca preocupação, inclusive com boletos.
Abraço!