Sou corredor. Tenho o privilégio de ver o sol nascer todo domingo e, francamente, acho que ele é o mais belo de toda a semana. Posso contemplá-lo sem pressa, com ruas quase vazias, sem aquela gente estressada e maluca, no mau sentido, dos outros dias todos. Poderia, e talvez até devesse, usar esse dia para descansar o corpo, mas prefiro zerar a mente. Não estou só. Somos muitos os zumbis insones, logo nas primeiras horas da madrugada. Falamos, quase sempre sem parar, sobre um só assunto, coisa que ninguém mais, de passagem ou ao redor, entende. Ficamos horas a fio esperando, muitas vezes para corrermos durante apenas alguns minutos. Viajamos centenas de quilômetros, mesmo que seja para percorrermos uma dezena deles ou menos. Não nos peça explicação. Não nos cobre coerência. Somos aqueles que não compram sapatos há anos, mas nosso estoque de pares de tênis é de fazer inveja às centopeias. Somos discretos no dia-a-dia, mas berrantes e chamativos enquanto estamos em ação. Gritamos, vibramos, choramos, damos socos no ar, pelo bem ou pelo mal. Comemoramos, mesmo que outros achem medíocres os nossos feitos. Congratulamos quem chega à nossa frente, mas aplaudimos também quem vem depois de nós. Nem sempre conseguimos aquilo que queremos; e algumas vezes prometemos que nunca mais vamos voltar. Mas sabemos que isso dura pouco... Só até o próximo sol nascente de domingo.
Fábio Namiuti
Assim seja!
ResponderExcluirPara todo e todo sempre! ;-)
ExcluirQue texto maravilhoso parabéns!!!
ResponderExcluirRoberta Andrade
Obrigado, Roberta!
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