Cada treino, sobretudo eles, os longões, é uma aula. Onde sempre se aprende mais sobre si próprio e suas virtudes. Não há como correr distâncias longas sem generosas doses de coragem, garra e aquela velha e boa teimosia, tão necessária. Mas é onde também se descobre mais sobre seus próprios defeitos, fraquezas e limitações. E se tenta corrigi-los. Ou, ao menos contorná-los e conviver bem com eles.
|
O nome é treino. Mas você pode chamá-lo também de aula ao ar livre |
Originalmente, o primeiro treino longo deste novo ciclo de preparação, o
Projeto
Lisboa, estava previsto para o final de semana que abre o mês de junho e deveria ter 2h45min de duração. Contudo, sem regras rígidas que conduzam minha vida esportiva, preferi atender à convocação do amigo e aspirante a maratonista Aldo (nome confirmado em nossa comitiva para os 42 km no Rio de Janeiro em julho próximo), ampliar um pouquinho a distância e antecipar a sessão para o feriado de Corpus Christi. Pequenas mudanças no cronograma semanal, nada que bagunçasse demais o planejamento. Em troca, não só a companhia dele, Aldo, mas também a de vários outros camaradas que toparam a empreitada. Bonita de ver a disposição da galera nessa manhã fria de quinta-feira.
|
Cambada que representa |
Cogitou-se um novo percurso nos arredores da
tubulação, como no início do mês. Como também um segundo passeio pela
região aeronáutica onde vive nosso companheiro Edson. Porém, uma distância de respeito como os trinta quilômetros, combinada com relevo montanhoso, seria um verdadeiro convite à quebra. Achamos por bem, portanto, uma mudança de cenário para a minha
quebrada na zona sul da cidade. Que também tem as suas colinas verdejantes (e íngremes) em volta. Mas que sempre conta com a válvula de escape do complexo viário Mario Covas - Jorge Zarur - Eduardo Cury, às planas margens do córrego Vidoca. Desde as sete e meia da manhã, estávamos ali esperando, às oito e dez largamos.
Despinguelando morro abaixo para começarmos bem a brincadeira.
|
Aí sim! |
O trecho na grande e plana reta que vai mudando de nome, seria longo e desmembraria o grupo em pelotões de ritmo semelhante. O meu seria o mais numeroso e contaria com participações especiais, gente mais veloz que não estaria ali, não fosse por
colher de chá. Sempre um prazer e uma honra correr ao lado de feras como o
rei da montanha Wilson e o ligeiro Paulo Marques. Como também ter a costumeira e sempre agradável companhia de Toninho, Aldo, Edson, Tonico e Sílvio (que nos encontrou a partir do hipermercado, altura do km 6). Providencial a presença do Rafael nos acompanhando de
bike, atuando como apoio, fotógrafo, guarda-volumes (comecei agasalhado, mas logo
ferveria o radiador), pau pra toda obra.
|
A galera em ação. O cara do apito de volta. E o multifuncional |
É manjado toda vida. Mas o caminho do Urbanova é sempre uma ótima pedida para treinos também. Tanto que havia gente de várias tribos por ali, compartilhando o espaço. Sempre bom saudar leais companheiros de esporte, qualquer que seja a
farda vestida por eles. Percorremos toda a lateral da ciclovia da Lineu de Moura, entramos no bairro pelo lado direito da rotatória após o rio. E esticamos o percurso com o tradicional apêndice para os lados do condomínio Paratehy. Fiquei um pouco para trás quando dei uma paradinha para ingerir minha cápsula de BCAA na metade exata do caminho, mas voltaria a alcançar a patota logo mais adiante.
|
Inseparáveis |
Fim da molezinha. Tal qual a maratona carioca, a segunda metade desse trajeto também reservava as maiores dificuldades. A rampinha antes de chegar à igreja é sempre um bom desafio. A descida da universidade, uma alegria. Wilson e Aldo foram para o lado da subida de propósito; Diego, Raphael e Renata, sem querer. Eu fugi da
mega-rampa. Eu que fiz o mapa do percurso,
ué...
|
Basta essa |
De volta ao plano, faria minha tradicional escala na adega, onde sempre paro para abastecer (e, às vezes,
desabastecer também). Ultimamente, venho sendo o único a fazê-lo; mais uma vez toda a turma seguiu em frente sem o
pit stop. Achei que seguiria sozinho dali até o final, mas acabei reencontrando a dupla valente que encarou o grande morro, já na passagem pela ponte sobre o rio Paraíba, deixando o bairro. Passaria pela marca da meia maratona com tempo um pouco mais alto que na competição do domingo último. Mas bem mais inteiro também. Para quem pretende correr o dobro disso, a segunda coisa tende a ser mais importante que a primeira. Agora, eram só nove quilômetros... E a volta à cidade.
|
Back to SJC |
Ao invés do retorno direto para a região sul, foi planejada uma passagem-relâmpago pela área central para agregar quilômetros ao itinerário. Indo pela Avenida Anchieta (preferia subir pela menos inclinada Borba Gato, mas não poderia dar vexame correndo ao lado do nosso
cabrito montês) e voltando pela São João. No finalzinho da descida, ganharíamos novamente a companhia do Toninho. No Vidoca, a do Tarcísio. E, se não fosse uma
preguicinha básica na travessia da Jorge Zarur, dava até para pegarmos o pré-aniversariante Tonicão. Sílvio já tinha voltado direto para casa. Vanda e Frederico haviam retornado antes e feito os 21 km. O trio de Caçapava chegaria um pouco depois de nós. Paulo e o cantor & compositor Edson, esses já estavam totalmente fora da
área de cobertura.
|
Ela não deixa muita coisa |
O cansaço era grande e me fez apertar o botão do relógio tão logo ele avisou que os
trintinha haviam sido alcançados (depois, na transferência do treino para o computador, me
furtou quarenta metros!), antes mesmo do final da reta da Mario Covas e chegada ao viaduto Frei Galvão. Não quis nem saber da rampa-mór da Rua Antônio Aleixo. A missão estava cumprida, e bem, apesar de não ter sido perfeita (e quando é?). A satisfação de voltar, depois da ultra e da
ressaca dela, a ser capaz de rodar a distância que simboliza o "alvará" para correr a maratona, estava estampada em meu rosto. Se foi o "vestibular" para os que vão enfrentá-la pela primeira vez, para mim, foi um belo
tira-teima. Saio dele um pouco mais confiante do que entrei.
|
Ao contrário do outro, esse não tem erro |
A celebração pós-treino foi simples, mas muito agradável. Receber os amigos em minha casa é sempre muito bom. Cada um levou uma coisinha e o lanche virou um verdadeiro banquete. Não faltou muito para conseguirmos repor as quase três mil calorias gastas na atividade...
|
Sem sofisticação. Mas com muita alegria |
A semana de treinos segue, com um treininho de rampa no sábado e, a decidir, uma esticada até Tremembé ou uma aparição especial (e reduzida) no treino longo da
cavalaria no domingo. Segue bem.
Link no Garmin Connect:
http://connect.garmin.com/activity/320294958
Resumo do treino:
Parabéns pela superação!
ResponderExcluirObrigado!
Excluir