quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Treino 14 - Como era verde a minha área

A imagem abaixo é bonita e inspiradora. Pai e filho se divertindo em uma área destinada ao lazer e à prática esportiva. Que bom existir e, melhor ainda, tão pertinho de casa, um lugar assim. Um verdadeiro santuário em meio à selva de concreto da cidade.

Mas repare bem nos detalhes, olhe o estado dessa pista de terra. Reformada há tão pouco tempo, menos de dois anos e meio, a Praça Doutor Roberto Monteiro de Andrade, situada entre os bairros Jardim Satélite e Bosque dos Eucaliptos, zona sul de São José dos Campos, encontra-se muito judiada. Não merecia isso, coitada...

Não basta ser pai
Tenho uma ligação sentimental, e das mais fortes, com a Área Verde do Bosque, como o local é popularmente conhecido por aqui. Foi lá que eu, então um obeso quase mórbido, hipertenso, ex-fumante recente e sedentário convicto, redescobri o prazer do movimento. Primeiro caminhadas, mais tarde algo mais ou menos parecido com correr. Em meio às arvores e nesse ambiente de paz e tranquilidade foi que comecei a (re)escrever minha história como esportista. Foi, não por acaso, o cenário que escolhi para contar a minha história ao programa "Vamos Correr!" no canal ESPN Brasil em dezembro de 2011.

Se cuida, Rodrigo Lombardi!
Fico imensamente triste com o que vejo hoje. Sou apartidário, quase apolítico. Para mim, tanto faz se quem governa a cidade é azulzinho ou vermelhinho, desde que faça as coisas direito e com honestidade. Mas a transição do poder, que começou depois de 7 de outubro último, quando os primeiros foram derrotados nas urnas pelos segundos, tem sido um desastre de âmbito municipal em vários aspectos. Inclusive esse. Quem estava para sair, praticamente parou de trabalhar. Quem entrou, parece que não começou direito ainda. O mato está ficando alto, literalmente...

Eles que se entendam
Pela primeira vez nessa nova temporada, a caminho da ultramaratona de 24 horas, tive a oportunidade de voltar ao lugar onde tudo começou. Ok, dirão alguns (com quem concordarei), a chuva dos últimos dias andou castigando bastante. Outros locais, com o mesmo tipo de piso, também ficaram meio detonados. Mas não é só isso. O aspecto de abandono ronda e dá o tom. A impressão é de que ninguém limpa absolutamente nada por ali há bastante tempo. Há galhos, folhas e frutas caídas apodrecendo e, pior, lixo, espalhado pelos quatro cantos. A retirada das telas de proteção e a abertura em tempo integral deixou o lugar mais aprazível e acessível, é bem verdade. Mas virou chamariz para vândalos. Uma torneira de bebedouro já se foi... Mesmo com uma base da Guarda Municipal no extremo oposto, na Avenida Ouro Fino.

A pista interna de terra, antes lisinha, boa até para fazer treinos de tiros, agora está toda irregular, cheia de buracos e água empoçada, virando um perigoso criadouro de mosquitos, inclusive. E obrigando corredores a dividir espaço com caminhantes no anel mais externo, de concreto. O nó na garganta é inevitável. Boa parte da minha história está ali.

Saudade dos bons e (nem tão) velhos tempos
Tentando o tempo todo evitar as torções e ainda me recuperando das dores musculares da Volta ao Cristo, fiz um quilômetro de aquecimento, de casa até lá; dei oito voltas na pista (quatro no sentido horário e outras quatro no anti-horário) de seiscentos e tantos metros. E completei os sete quilômetros rodados com um trotezinho de retorno à base. A necessidade de subir diversas vezes ao concreto fez com que o GPS se atrapalhasse todo, perdendo o sinal sob a cobertura das árvores hora ou outra. O meu ritmo praticamente não variou, pelo menos tive essa percepção, mas o relógio apitou com parciais tão díspares quanto 5'19'' no km 3 e 6'13'' no km 6. Não vivo sem o meu Garmin... Mas tem dias em que ele simplesmente pira na batatinha!

Pior que não levo nada pelo merchandising
Findo o treino, corri para casa para tomar um banho de gato, me "desenfeiar" um pouco e, ao lado da minha companheira e cúmplice, Janete, tomar parte (como espectador, claro) da cerimônia de premiação do Circuito Joseense de Corridas de Rua. Ali mesmo, do outro lado da mesma Avenida Andrômeda, bem em frente de onde correra minutos antes. No novo e bonito prédio-sede da Casa do Idoso da zona sul.

Estimular o convívio social e as atividades, quaisquer que sejam elas, entre aqueles da  chamada "melhor idade", é fundamental
Foi muito bom ouvir no breve discurso do ex-vereador e agora novo secretário de esportes, Sr. João Bosco, que há interesse na manutenção daquilo de bom que vinha sendo feito, no que diz respeito às corridas de rua, pela administração anterior. Que existe a intenção de ampliar e aperfeiçoar o nosso calendário pedestre local. Soou como música aos meus ouvidos a menção a um velho projeto, sobre o qual venho falando há muito tempo: a realização de provas populares nos bairros periféricos. A ideia de ver o esporte que amo verdadeiramente democratizado, e não transformado num pólo sem cavalo, como querem alguns, chega a me comover. Fiquei satisfeito também em ter a impressão de que há abertura para o diálogo. Espero não estar enganado. Quem ouve o maior interessado, o corredor, sempre faz corridas melhores, isso é fato.

Tá vendo? A gente tem roupas civis também... Não muitas, mas tem!
Espero também que, entre os muitos projetos da pasta do secretário, esteja a manutenção das áreas de lazer e prática esportiva que já existem e são tão úteis. E que os meus próximos treinos na querida Área Verde do Bosque sejam menos perigosos e pantanosos.

Link no Garmin Connect:
http://connect.garmin.com/activity/267799792

Resumo do Treino:

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Il dolce far niente

Gosto de correr. "Dããããã, jura?", perguntaria sarcasticamente o leitor mais bully. Mas tenho uma relação das mais salutares com o esporte que escolhi para praticar, já depois dos trinta e começando a colecionar os primeiros tons de cinza. Nas têmporas, não nos livros safadeeeenhos, bom esclarecer.

Conheço esses
Quando vejo gente postando a rodo nas redes sociais que tem quase sintomas de abstinência nos seus dias de folga dos treinos, confesso ficar um pouco assustado. Claro que sei que há um bocado de jogar para a torcida nisso tudo, mas comparar a virtude de correr, de cuidar da própria saúde física e mental, de praticar algo tão benéfico quanto a atividade física inegavelmente é, a algo pernicioso e devastador quanto um vício, acho um pouco fora do tom.

Ousadia? Ou exagero?
Não tenho, felizmente, esse problema. Dia de folga é dia de folga (e vice-versa!). A corrida é parte indissociável e irreversível de minha vida, tenho plena convicção disso. Mas ela, a vida, não está restrita a isso. Há que existir mais, muito mais. Miguel Delgado, CEO Baleias, foi particularmente feliz ao postar no (imperdível) blog da (impagável) trupe coral uma crônica escrita pelo saudoso e brilhante Moacyr Scliar. Não deixe de ler e refletir sobre "O homem que corria".

Se não fosse maluco do asfalto até o DNA, seria Baleia; até a cor bate
Todas as minhas planilhas de preparação para as provas-alvo que fiz até hoje sempre incluíram o chamado day-off (ou será que não tem hífen?). Um dia de sagrado repouso semanal. Não é um dia para correr pouquinho, dar aquele trotinho-inofensivo-só-até-a-esquina-que-não-mata-ninguém. Não é dia de cross training, nadar, pedalar, puxar ferro na academia. É dia de botar as pernas para o alto, a carcaça de molho e de dar uma atenção especial a quem e às coisas que acabam ficando (faço aqui o meu mea culpa) em segundo plano durante a semana de treinos (e, claro, de trabalho), sempre levada bastante a sério. É dia para se divertir, e disso existem inúmeras outras formas que não calçando os tênis. Saber equilibrar isso tudo é uma arte, das mais difíceis, aliás. Quanto maior a distância a percorrer, mais complicado vai ficando...

Lucky there's a family guy
Além das folgas previstas, há também as eventuais. Que também respeito e tiro sem neuras ou traumas. Voltei de Poços de Caldas bem mais judiado do que imaginava. A subida (e descida) do Cristo eram mesmo pedreiras e moeram meus quadríceps e panturrilhas. Tinha marcado na planilha, já ontem à noite, um daqueles treinos mais psicológicos que físicos na esteira, com uma hora e meia de duração. Com batatinhas latejantes, nem ousei arriscar. Forçar a barra e colocar em risco todo o planejamento por causa de um treino, por mais importante, seria um preciosismo tolo e desnecessário. Não sou um corredor compulsivo. Prezo demais a minha saúde. Foi em nome dela, afinal, que tudo começou, não foi?
Me inclua fora dessa
Se estivesse totalmente zerado das dores, juntaria o treino de corrida de ontem (um compacto com os melhores momentos, pelo menos) com o de musculação de hoje. Já estava bem melhor, é verdade. Mas ainda havia resquícios evidentes do estrago feito pelas lombas sul mineiras. Troquei, sem medo de errar, a esteira pela bicicleta ergométrica; meia horinha só. E resumi a série de exercícios àqueles voltados para a musculatura superior. Minhas pernas agradeceram. E amanhã devem estar novas em folha para a volta aos treinos (leves).

Quem faz por merecer, não fica de consciência pesada
"Descanso também é treino?". Sei lá. Filosofia não é muito a minha praia. Mas corro há quase dez anos e não tive, nesse intervalo, nenhuma lesão mais séria. Devo estar fazendo alguma coisa certa...

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Treino 13 - J.C., eu estou (estive) aqui (aí)

O treino 13 foi também a segunda prova do ano. Se eu havia achado as subidas de Paraisópolis encrencadas, mudei de ideia ao conhecer a de Poços de Caldas... Confira como foi em:








sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Treino 12 - O corredor total flex

O treino de hoje, último antes do desafio da Volta ao Cristo ( chegando amanhã, Poços de Caldas, me aguarde!), era para ter acontecido na Área Verde do Bosque. E eu já havia até escrito uma introdução do post, sobre o estado de abandono em que ela lamentavelmente se encontra. Bom, não vão faltar oportunidades para treinar lá e falar a respeito na semana que vem ou próximas.

Chuva não me impede de correr, quem me conhece, sabe bem disso. De vez em quando escapa até uma provocaçãozinha (amigável) aos companheiros de esporte que parecem feitos de papel ou açúcar, são iguais ao Cascão. Mas a de hoje não era qualquer coisinha à toa, não... Choveu de verdade para comemorar o aniversário da terra da garoa (parabéns!).


Esperei uns quarenta minutos, monitorando pela janela, e nada dela passar. Quando pareceu enfim ter diminuído um pouco, desci rapidinho. Mas não deu tempo nem de animar... O céu já começou a desabar novamente! Não tive dúvida: dei um piquezinho de cinquenta metros e cheguei à academia. Havia uma esteira, sequinha da silva, à minha espera. Não era bem o que eu queria, mas antes isso que ficar sem correr...

Não dá pra comparar, mas...
Quando vi pelas frestas que a chuva novamente parecia ter amainado, já havia passado dos dez minutos de treino. Pensei em parar, em completar quinze, depois vinte... Só depois de meia hora e 5,06 km rodados (ritmo bem tranquilo, poupando canelas para a subida da serra no domingo) é que finalmente encostei. Estava longe ainda da 1h20min prevista para hoje e, mesmo sabendo que era preciosismo cumprir isso à risca, resolvei dar continuidade ao treino.

Tomei dois copos d'água (transpiro o dobro na esteira), despedi-me do professor e dos companheiros de academia. E, sem deixar o corpo esfriar, o que seria fatal para minhas pretensões, atravessei uma Cidade Jardim toda empoçada para a segunda parte da brincadeira da noite.

Tênis limpinho? De que jeito?
Não adiantou absolutamente nada fugir. Como se soasse um alarme, mal pisei na rua e a chuva tornou a cair pela milésima vez no dia (horas depois, ela segue, levinha, mas contínua). No que desci a longa rampa, ainda era garoa fina, mas lá nos arredores do shopping, ela já tinha voltado a bater forte e molhar de verdade. Ao invés de subir para a movimentada (e em aclive) Avenida Andrômeda, preferi descer para a planinha Avenida Mario Covas. Tive que parar algumas vezes para evitar o chuá infecto dos carros que passavam perto. Mas completei mais 4 km em 23' e uns quebradinhos, totalizando pouco mais de 9 km em 53' e num ritmo médio de 5'51''.

Estava de ótimo tamanho o treininho 2 em 1. A gente tem de ser versátil nessa vida.

Seja multifuncional

Domingo termina a base. A partir da semana que vem, começa o primeiro ciclo específico da planilha de treinos. O bicho vai pegar!!!

Aprecie com moderação

Hidratação. Nesse tema, até o mais do contra concorda... Ou morre de sede! Sem ela, ninguém fica. No dia-a-dia, todo mundo já leu na cartilha a recomendação dos dois (às vezes mais) litros diários. Mas confesso que me dá uma certa agonia ver nas redes aquela paródia das latinhas nominais. Uma das milhares, aliás.
Melhor que Creydillene ou Websleysson é
Será mesmo? Para o corredor, principalmente o de longas distâncias, nem tanto assim... Há que se ter um certo cuidado em relação ao consumo de água. E não estou falando daquela bica impotável na beira da estrada ou da torneira mais que suspeita do boteco no caminho. Mas do exagero.

Não sou médico e não é o objetivo desse blog, de forma alguma, querer dar conselhos e pareceres como se fosse um. Mas há uma lógica simples, de qualquer leigo, aí: quem corre, transpira (e, normalmente, transpira muito). Perde, com isso, além de água, sais (quem nunca ficou com aquela areia no braço depois de secar?). Repondo apenas a água perdida, é natural que dilua ainda mais a concentração de sódio no organismo. E, se ele é perigoso em excesso, pode ser ainda mais em escassez. Hiponatremia é uma palavrinha feia às pampas, mas que deveria ser conhecida a fundo por todo mundo que pratica esportes. Mais ainda os de longa duração. Ainda mais os que têm postos de hidratação a cada "n" quilômetros.

A melhor parte
Há toda uma discussão, e eu a deixo para os cânones da ciência, sobre o que é correto. Beber só quando vem a sede? Ou essa sede já é sinal de início de desidratação e há que se preveni-la? Os artigos escritos pelos especialistas parecem mais preocupados em desacreditar quem pensa o contrário do que demonstrar a credibilidade das suas próprias informações. Aquelas recomendações teóricas de almanaque, consumir "x" mililitros a cada "y" minutos, esbarram em questões práticas, como a localização geográfica dos postos e o tempo que cada corredor leva para chegar de um a outro. Ou alguém aí corre carregando garrafão de vinte litros e copo com graduação?

Sendo assim, particularmente, sigo fazendo como vem funcionando bem para mim desde sempre nas corridas. Pegando um copinho d'água por posto de hidratação, bebendo um pequeno gole dele e usando o restante para a "ducha".

Tosquice do gráfico à parte, diria que é mais ou menos essa a proporção
O drama é que essa proporção tende naturalmente a aumentar, inverter-se, perder regras, à medida que a corrida avança. E eu me refiro a passar várias horas correndo, não a uma prova de 10 km com dois ou três postos de água pelo percurso. Dependendo de fatores como a temperatura ou a umidade do ar no dia, às vezes faltam mãos para carregar a quantidade de copos cobiçada. É aí que a água começa a deixar de ser inofensiva, mesmo que não tenha amebas (ou coisa pior) nela...

Arrisca?
E em uma ultramaratona de 24 horas, como a que eu pretendo disputar em junho, como será? E se essa ultramaratona não tiver postos de água a cada "x" quilômetros, mas acontecer em um local fechado, mais especificamente uma pista de atletismo, onde a cada quatrocentos metros você tem à disposição os copos d'água que quiser? Há que se resistir à fartura da oferta...

Tenho, claro, muito a pesquisar e o que conversar com pessoas de minha confiança e que detêm conhecimento para me aconselhar a respeito. Mas tendo a manter algo parecido com o que venho fazendo nas maratonas, adaptado para a realidade da prova em questão. Se os postos de hidratação das provas de longa distância surgem a cada três, quatro ou cinco quilômetros, imagino consumir um copo a cada dez voltas na pista, em média. Com margem de erro de tantos por cento (para mais ou para menos), de acordo com as características e necessidades específicas do dia.

No ano passado, o "oásis" era aqui
Além da água, certamente usarei também a bebida isotônica disponibilizada pela organização do evento, que ajudará bastante no equilíbrio dos eletrólitos. Essa, em menor quantidade, até pela natural preocupação que um portador de hipertensão arterial, como eu, deve ter em relação a tudo que contém sódio na composição. Imagino beber um copinho a cada parada, o que, no meu planejamento original, corresponde a um ciclo de vinte voltas na pista.

É mais ou menos por aí que a banda toca, penso eu... Gostaria muito de trocar ideias com quem já passou pela vivência das ultras, se possível, dessas em pista. Individualidades biológicas à parte, acho que sempre há o que aprender com a experiência alheia. Sem deixar de carregar sempre na testa aquela palavrinha fundamental, seja sobre água, seja sobre qualquer outra coisa: cautela.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Treino 11 - De antena ligada

Sua cidade aí, cheia de lugares bonitos e diferentes para você conhecer... E você correndo sempre nos mesmos. Eu não, violão! Se me dá na telha ir fazer um treininho do outro lado da cidade, num lugar em que já passei, mas só de carro; ou nem isso, que vi na TV ou ouvi alguém falar, simplesmente vou lá e faço. Isso já me levou até a invadir (sem querer, claro) áreas particulares e correr o risco de levar um tiro de sal nos fundilhos. Antes isso que a monotonia. Correr todo dia no mesmo lugar, disse outro dia desses nas redes sociais, é quase como ir a um rodízio de chuchu...

Vai que é sua, Taffarel!!!
E quer saber do melhor? Descobri que faço parte de uma patota que pensa exatamente como eu. Se os nossos treinos coletivos de quarta-feira à noite já eram bacanas quando aconteciam em percursos variados, mas tendo sempre como "base" um local fixo (os parques Santos Dumont ou Vicentina Aranha, escolhidos estrategicamente por estarem na região central, equidistantes, ou quase isso, para todos), passaram a ser verdadeiras festas desde que, em novembro último, o Tonicão, um dos nossos integrantes mais empolgados, sugeriu que passássemos a variar também os cenários.

Tonico, o mito
Parecia que não era nada demais, mas foi uma verdadeira revolução. Não temos vaidades, não contamos participantes para depois ficarmos nos vangloriando de reunir "x" ou "y" corredores e anunciando termos feito "o maior treino da história da cidade" (o que quer que isso signifique). Treinar entre amigos é sempre um prazer e um privilégio, sejam dois, vinte, duzentos ou dois mil os presentes. Mas que é bonito demais ver cada vez mais gente reunida, irmanada pelo amor a esse esporte fascinante que a corrida é, nessa mesma vibe dos malucos do asfalto... Ah, isso é!

Se vier todo mundo, fantástico; se aparecer só mais um, já é coletivo também
E já que estava todo mundo antenado com esses propósitos, nada melhor que fazer um percurso totalmente diferente daqueles a que estamos acostumados. Nos pontos mais altos das regiões urbanas, as emissoras de rádio e televisão costumam colocar suas antenas transmissoras. É sempre bonito ver aquelas verdadeiras torres Eiffel iluminadas, lá longe, enfeitando a noite. Mas pensar "será que dá pra chegar lá correndo?" é meio coisa de maluco... É coisa nossa!

Uma cidade aos seus pés
Talvez nem fosse o momento ideal, a apenas quatro dias de um grande desafio: a Volta ao Cristo de Poços de Caldas, velho sonho de consumo, que enfrentarei pela primeira vez neste domingo. Talvez seja consciência pesada por não ter feito praticamente nenhum treino específico para ela, que não a prova em Paraisópolis no domingo anterior. Mas bolei o tal treino da "Subida ao Morro da Antena". A galera topou. E a coisa toda saiu do Facebook para virar mais uma boa realização. Às sete da noite (ou tarde), estávamos reunidos na Avenida Anchieta, orla do Banhado, cartão postal joseense. Todos prontos para um estirão de seis quilômetros (e mais seis de volta depois) até um dos topos da cidade.

Definitivamente, preciso de uma câmera nova; essa com o visor apagado está "degolando" a turminha
A turma, dos mais variados ritmos, logo se dividiu, como sempre acontece. Nos nossos treinos, cada um vai na sua batida habitual e/ou de preferência. Fiquei no bloco dos meus companheiros de sempre. E os caras estavam no apetite. Fizemos os cinco primeiros quilômetros, até o pé do morro, quase em ritmo de competição. Teve até parcial começando com quatro...

Mas, depois da descida da Avenida São José e do longo trecho plano da Via Norte, que virou percurso de várias provas na cidade, vinha ela. Logo além da ponte sobre o rio Paraíba do Sul, uma dobrada à direita e outra logo à esquerda e lá estava a rampa. Transformando passadas largas e elegantes de até então em passinhos curtinhos. Um pouco mais e os "bebês" sairiam engatinhando morro acima.

Não se engane. Começa levinha, mas logo fica encardida
Luis Carlos, morador das redondezas, é que foi bancando o guia. Mesmo assim, a cavalaria que puxava a fila acabou se perdendo, entrando à direita onde ele gritou "esquerda!". Atento, peguei o caminho certo. Menos afeito às pirambeiras, no entanto, fui ficando um bocadinho para trás. Mas só apelei para a caminhada uma vez, no finalzinho, onde o paredão ficou quase vertical. Valeu cada passo. Que lindo visual da cidade lá de cima!




Normalmente, a gente bate e já volta. Mas hoje, simplesmente, não dava para chegar lá e não admirar o cenário, a noite caindo, o outro morro ainda mais alto logo ali (que fica como desafio para uma próxima vez!), os amigos começando a chegar, a alegria da conquista do objetivo no rosto de cada um. Tinha deixado minha câmera no carro, mas felizmente o Raphael levou o celular. Registrando e eternizando esses momentos marcantes. Melhores do que muitas corridas por aí. E não teve nem boleto!!!



O retorno seria bem mais tranquilo, fora o piso meio escorregadio do começo da descida. Achei que iria pegar leve e seguir sozinho, mas acabei alcançando o Zebra, nosso capitão da Equipe 100 Juízo, perto da ponte. E correríamos juntos pelos cinco quilômetros finais, inclusive com outra subida das boas, a que começa no viaduto ferroviário da Via Norte e vai até a rodoviária velha. Mas que virou formigueiro perto da escalada maior do dia.

Wagner e Kleber, que apareceram de última hora, seguiriam reto, completando seus trajetos no Vicentina. O resto da turma concluiria no ponto de partida, na Anchieta. Com direito a um delicioso bolo de limão trazido pela Vanda. E muita alegria por estarmos todos juntos mais uma vez, com saúde e podendo fazer aquilo de que tanto gostamos. Recebendo cada vez mais gente para participar conosco, sangue novo, mais energia e entusiasmo. Fortalecendo ainda mais os nossos laços de amizade.





Que venham sempre novos desafios, cenários, metas a serem atingidas. Disposição para eles, não há de faltar. Não precisamos ser heróis. Basta que sejamos corredores.

Eis o caminho

Link no Garmin Connect:

Resumo do treino:

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Um loooooongo debate

Alongamento. Mais um assunto sobre o qual simplesmente não há nenhum consenso. Há quem o pratique desbragadamente, chegando ao extremo de esticar até os dedos das mãos antes de um treino ou corrida (ô, como serão utilizados!). E há também corredores veteranos, que até já foram praticantes num passado distante, mas hoje dão uma de corvo do Poe. De minha parte, como em quase tudo na vida, tento não ser extremista. Nem grego nem troiano.

Vai correr ou tocar violão?
Alongar antes (ou depois) de correr é indispensável? Para mim, pessoa física, não. De tempos em tempos, saem estudos científicos que ora recomendam, ora condenam. Parece até aquele papo sobre o ovo (e outros alimentos): um dia é veneno, outro dia, salva sua vida. Chega-se à inevitável conclusão de que ficar se deixando influenciar por estudos é que verdadeiramente faz mal...

E alongar no dia-a-dia, de forma independente da corrida, para ter um corpo mais flexível, é indispensável? Para mim, CPF número tal, sim. Não quero ser um velhinho (vai demorar um pouquinho, mas uma hora ela, a "veiêra", chega) forte, enxuto, com bom condicionamento físico, capaz de correr "n" quilômetros... Mas incapaz de me abaixar para pegar um objeto que caia no chão. Ou de me esticar para alcançar algo que esteja em uma prateleira mais alta no supermercado.

Não preciso ser como a Dona Maria Borracha, mas um pouco de flexibilidade já ajuda
Como a maior parte dos iniciantes no esporte, comecei a correr sem saber absolutamente nada sobre alongamento muscular. Achava muito estranho ver aquela turma empurrando árvores e cansei de murmurar tss, tss, tss's... Mas acabei vencido pelo mimetismo. Para não ser diferente da maioria dos frequentadores do meu primeiro local de treinamento e não chamar muito a atenção, incorporei o ritual do grupo. Antes das voltas na pista, também esticava isqueotibiais, sóleos, gastrocnêmios, adutores, abdutores e outras coisas que nem sabia que tinha.

Acabei me acostumando... E vendo benefícios práticos. Se não havia como comprovar a eficácia na prevenção de lesões (cheguei a deduzir, erroneamente, que uma contusão que tive no quadril se deveu ao simples fato de não alongar antes de um determinado treino), minha notória evolução na flexibilidade, fazendo de forma cada vez mais fácil e natural movimentos que antes pareciam coisa do Cirque du Soleil, já era suficiente para perceber a importância do hábito de alongar. Virou parte da minha rotina.

Opções (e músculos) não faltam
Mas não sou um xiita. Radicalismo, jamais. Progredindo também nas distâncias e, por conseguinte, fazendo treinos de corrida de cada vez maior duração, passei automaticamente a ter menos tempo disponível para atividades paralelas. Dispor de três horas ou mais de alguns dias para treinar, para quem trabalha em outra atividade, não vive (e nem se quisesse viver!) do esporte, já é complicado... Sacrifica convívio familiar, rouba precioso tempo que poderia ser dedicado a tantas outras coisas. Como ter então tempo então para aquecer, alongar, correr, desaquecer e alongar novamente? Só clonando...

Com o tempo, fui deixando de lado o ritual diário do alongamento e passei a fazer dele uma prática nos dias em que não corro. Antes e depois dos treinos de musculação, às terças e quintas (depois, para ser bem sincero, ando relaxando: os treinos têm sido longos demais e, com uma fome de leão, acabo pulando essa parte; feito o mea culpa público, prometo voltar). O treino na academia só é completo quando inclui aquecimento (bicicleta, elíptico ou caminhada na esteira), abdominais diversos e todos os desenhinhos que estão no espelho (e, depois de tantos anos, também na memória).

Esbaldar-se no espaldar
Se a discussão é interminável, deixo que ela siga correndo ad eternum. E, experimental que sou, acho minha própria fórmula, aquela que funciona melhor para mim. Se o fato de alongar não me faz necessariamente um corredor melhor (e nem pior), sinto que sou um indivíduo mais completo por também trabalhar em meu cotidiano essa valência física, a da flexibilidade, junto com boa parte das demais (força, resistência muscular, velocidade, coordenação motora, equilíbrio, condicionamento). Não sou atleta e nem quero ser. Mas por que não fazer o melhor que posso? Por que ser monotemático?

Podem tirar sarro (principalmente meus colegas de puxar ferro). Mas, se eu tivesse um trocadinho sobrando, aproveitaria o sábado livre e faria até pilates. Quem sabe um dia...

Ê, ô ô, vida de morcego...
 

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Treino 10 - A boa vista da Quinta

Na Quinta, a vista é boa... E o treino também! E ela não é feira, é das Flores. A frente do condomínio chiquetésimo da região sul de São José, desde que ganhou pista de caminhada, iluminação e, mais tarde, até academia ao ar livre, virou um badalado e disputado ponto de encontro de praticantes de atividade física. E isso vem de longa data. Depois da Área Verde do Bosque, ela foi um dos primeiros lugares frequentados pelo então (re)iniciante na arte da corrida naqueles remotos anos de 2003/2004. Ainda me lembro bem do enorme orgulho que senti quando fui capaz de correr aqueles 1500 metros de uma ponta a outra da pista, sem parar, pela primeira vez.

Que visu, hein?
Sempre morando nas redondezas (na parte menos aristocrática, claro!), virei habituê do local. Não sou lá muito fã de treinos em vaivém, mas perdi a conta de quantas vezes usei o trecho como parte do trajeto, a caminho de terras mais distantes. Hoje, entretanto, a planilha mandava fazer um easy run, nome mais bonito e curtinho para os tradicionais treinos regenerativos de segunda à noite. E decidi que seria por lá mesmo, como num flashback da década passada.

Se é bonita assim, imagina cheia de gente...
Ainda meio detonado das ladeiras paraisopolenses de menos de trinta e seis horas antes, tinha mais era que pegar leve. E comecei o trajeto Satélite -> Bosque imaginando estar rodando bem acima dos 6'/km. Mas como está difícil fazer isso! Parece que o modo pangaré do meu tacógrafo parou de funcionar... Ou quase! Ouvi o relógio apitar baixinho com 5'49'' no primeiro quilômetro. Deixei rolar. Fiz o balão em frente ao Teatro do SESI e da Praça das Bandeiras e peguei o caminho inverso, Bosque -> Satélite, em leve descida. Só acelerando: 5'42'', 5'26''... Ué, cadê regenerativo?!?

De um outro ângulo
Deixei de lado o relógio e foquei no puro e simples prazer de correr. De estar mais uma vez em um cenário tão conhecido, mas sempre tão bonito de se admirar. De esquecer o lado de lá, o trânsito infernal da Avenida Cidade Jardim; e descansar os olhos do cinza no verde da paisagem. De poder optar por correr no concreto da pista, no gramado, na terra; ou um bocadinho em cada um. O treino já era curtinho e, nesses devaneios todos, passou voando ainda mais. Quando vi, já estava no sexto quilômetro, final da segunda volta. Como ainda tinha seis minutos dos quarenta previstos, estiquei o percurso com um trotezinho de volta até os arredores de casa.

A casa é humilde, mas a vista da janela é coisa de bacana
Foi um treino simples, até banal, mas bem agradável, com gostinho bom de coisa do passado. Trazendo lembranças vívidas de quando correr era uma espécie de bote salva-vidas para aquele cara obeso, ex-fumante recente (ainda na briga para não voltar), lutando contra a hipertensão arterial e outros problemas de saúde correlacionados. Quem diria que a coisa fosse tomar esse rumo e me trazer até aqui, a caminho de uma ultramaratona de 24 horas...

Sei onde quero chegar. Como, ainda não exatamente. Vou descobrindo aos poucos. E curtindo o passeio enquanto isso.

Até o menor e mais trivial dos treinos pode ser uma celebração
Percurso no Garmin Connect:
http://connect.garmin.com/activity/264713174#

Resumo do treino: