segunda-feira, 15 de abril de 2013

Só por hoje

Na verdade, por ontem. Até esse domingo que passou, as únicas corridas em que eu havia estado presente na condição exclusiva de espectador eram as que não poderia, por simples questão de DNA (Data de Nascimento Antiga), estar competindo, só levando meu guri. Não que não quisesse...

Né?
Rolou no final de semana aqui em São José dos Campos a primeira edição da Corrida Potassium (melhor que sodium, algumas das outras andam bem salgadas ultimamente). Que eu vinha conseguindo cumprir a meta de deixar de lado as provas menores, concedendo a regalia de apenas uma por mês como recompensa por bom comportamento, até vinha. Mas, a exemplo de quem deixa de fumar, a convivência com os que continuam dedicados ao vício há de seguir existindo. Era chegado o dia de testar na prática a minha temperança. As tentações estão e sempre estarão aí, por toda parte.

Piores são essas...
Escrever um blog é, de certa forma, um confessionário aberto. E eu não vou negar meus pecadinhos. Tinha por plano original fazer meu treino longo em pista (que acabou acontecendo no sábado) ao mesmo tempo em que a prova era disputada, a exemplo do que fizera na corrida "Água é Vida!", dois domingos antes. Só mudei de ideia para fazer companhia aos meus tios e padrinhos, Tereza e Tetuo, que iriam participar da caminhada. Devo muito a eles, que vêm acompanhando minha trajetória há tempos, sempre presentes. E são pessoas muito conhecidas (e queridas) dentro do nosso meio esportivo local.

Everybody loves
Outro mea culpa: não fui, a bem da verdade, totalmente convencido de que não iria correr. Já acontecera outras vezes de ir "só para ver qual era". Devo reconhecer que sou uma figurinha carimbada. Com um pouquinho de esforço e sorte, sempre pinta um convite de última hora, de alguém que desistiu, de gente ligada aos patrocinadores ou da própria organização do evento. Cultivo bons relacionamentos, no esporte e na vida; e não vejo nada de errado nisso. Se tivesse assim tanta certeza de que não queria participar da prova, teria ido para o Parque da Cidade de calça jeans e sapato (ou não teria uma bermuda na mochila). E sem relógio-GPS, principalmente.

Mais um merchan grátis
Mas até que não seria tão difícil assim. Estar ali, simplesmente, na nossa tenda, na segunda casa daquele extraordinário grupo de amigos que conquistei, dessa grande família que vamos consolidando ao longo do tempo, já me bastava. Não deixei de brincar, de contar minhas piadas (sem graça), de me divertir, de abraçar, de colocar o papo em dia, de encher o bucho com as mais variadas e saborosas iguarias (teve até bolo de aniversário; parabéns, Bruna!) trazidas por cada um daqueles que fazem parte dessa fantástica malucada do asfalto. Correr ou não correr era mero detalhe.


Não tem jeito. Quem não corre, arruma (ou arrumam) outra coisa para fazer. Você vira vigia de tenda, guarda-chaves, torcedor e, sobretudo, fotógrafo. Usaria pouco a minha própria câmera, a blind girl; e ficaria responsável pelo documentário com o dispositivo do amigo Sílvio Lima. Bem melhor ver o que se está fazendo. Fui para os arredores do pórtico de largada e, após votos de boa prova aos companheiros, posicionei-me para os cliques iniciais. Seria a parte mais difícil. Muito estranho estar do lado de fora das grades. E ter de responder a toda hora que não, não estava machucado. Quando a multidão disparou, a pergunta era: o que eu NÃO estava fazendo ali?

Sensação (muito) esquisita
Dava até, com um pique até o outro lado do gramado, para alcançar a turma terminando de contornar o Pavilhão Gaivotas e ganhando as trilhas do belo e grande parque municipal. As fotos ficariam bonitas. Mas, ainda cansado dos 31 km da véspera, preferi não fazer nada parecido com correr. Fiquei quietinho ali mesmo, esperando os ponteiros dos cinco quilômetros voltarem. Ligeiros como são, isso deveria acontecer em quinze, dezesseis, no máximo dezessete minutos. Quando vi Cláudio e Éder apontando no começo da reta e o cronômetro do pórtico marcando ainda doze e alguns segundos, saquei na hora que tinha coisa errada nisso. Os caras são muito bons, mas não a ponto de baterem o recorde mundial da distância.

Não houve quem não quebrasse o seu pessoal. Medidas individuais à parte, a média aritmética da volta seria de 3,8 km. Uma prova de dez quilômetros com menos de oito, portanto. Como disse o Vinicius, para todo mundo mandar enquadrar a foto da chegada. Nada de oficial foi dito, mas teve muito burburinho. Houve quem afirmasse que o erro foi dos próprios corredores, ao retornarem antes do local devido (e o efeito manada que isso gera). Outra corrente dizia que os organizadores passaram a madrugada refazendo o percurso, para evitar o lamaçal em que as trilhas certamente se transformaram, depois da chuva torrencial e duradoura da véspera. Se foi isso, palmas para a atitude; e vaias para o fato de não ter sido anunciada com antecedência e clareza.

Simbolizando todas as bonitas chegadas que vi e aplaudi, a mais vibrante delas. Parabéns, Edson!
Opinar sobre uma corrida de que só participei como voyeur é meio complicado. Reservo-me o direito apenas de dar meu pitaco sobre algo que aconteceu pela primeira vez aqui na cidade e que não é prática muito comum nas provas em geral. A "venda" separada da camiseta, que o amigo Castor Meduza, o popular Homem-Aranha das corridas, chamou de sementinha do mal. Eu já penso de maneira distinta. Ter a opção de adquirir ou não o suvenir, para mim, é um avanço. Não só porque tenho centenas delas (e olha que já doei muitas!) em meu guarda-roupas, mas porque penso que seria uma alternativa viável para reduzir os custos, cada vez mais proibitivos, dos eventos. 

Aí, lógico, vale também a transparência. Se isso acontecer, que fique bem claro, desde o início, que existem as duas opções: inscrição COM e inscrição SEM camiseta, para evitar quaisquer equívocos. E, se possível, que a arte da camiseta, na impossibilidade de se conhecer com antecedência a qualidade do tecido, seja divulgada. Nestes termos, a meu ver, a camiseta à parte é uma boa e saudável novidade.

Um acervo razoável
Experiência bacana, interessante, diferente. Meu lugar é ali, do lado de dentro, entre os amigos e companheiros de esporte. E é ali que vou continuar sendo mais visto, enquanto a saúde e o bolso permitirem. Mas foi legal saber como é o outro lado do balcão, ajudar no que estava ao meu alcance, incentivar, gritar o nome de quase todos que conheço (e como conheço gente, tá louco!). Se tiver que ser só mais um torcedor de vez em quando, qual o problema? Vou me divertir do mesmo jeito.

Lado errado da grade...

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