É, não tem mesmo jeito... Nunca vou ser um corredor rápido. Primeiro porque não nasci
canela seca. Segundo porque meu outro esporte é a
mastigação. Terceiro (e pior) porque não tenho o menor pique para treinos de velocidade. Prometo sempre que dessa vez vou tomar jeito... E nunca tomo! Não tenho o menor pudor em
dar um migué na sessão de tiros e trocá-la por um trotezinho à toa. Aí não vai...
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Sou devoto |
Se é que posso tentar dar uma justificativa, estava bem cansado. Tive uma semana
do cão no trabalho. Essa tal de
lei 12.471, que regulamenta a discriminação do valor dos impostos nos documentos fiscais, está me atolando de serviço até o pescoço. Na academia, dois treinos meio pesados, na terça e na quinta, que me deixaram cheio das dores musculares. Previsto para o domingo, o maior longão antes da Maratona do Rio, os 31,5 km na terceira edição da Volta ao Banhado. Dez tiros de quatrocentos metros, mais vinte minutinhos de aquecimento e dez ou quinze de
rescaldo, poderiam até parecer coisa pouca para a noite de sexta. Mas eu sabia que não era bem assim. Para mim, chegava a ser até risco de lesão. Melhor não.
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Sessão merchan: para quem precisar, eu tenho a solução pronta. E de baixo custo |
Pouco depois das seis e meia, ganhei mais uma vez as ruas do meu bairro, em um tranquilíssimo ritmo na casa dos seis minutos por quilômetro. Bem melhor (pelo menos para o meu gosto) do que sair explodindo o coração em piques curtos na pista. Outro dia eu volto a fazer isso, não há de fazer tanta falta assim. No melhor estilo
"deixa a vida me levar", peguei primeiro a Rua Enseada, depois o passeio entre as ruas sem saída. Atravessei a Avenida Cassiopéia e, fugindo das vias mais movimentadas no começo da noite, segui pela tranquila Rua Maricá ao invés da Andrômeda ou da Cidade Jardim. Desci a Porto Novo, cruzei a Avenida Mario Covas pela passarela e tentei escalar trotando a rampa
matadora da Rua Talim. Só tentei. Parei na metade, com palmo e meio de língua para fora.
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Descer é mole. Vai subir pra ver |
Segui pelas calçadas escuras, hoje sem lanterninha na cabeça, da Vila Nair. Desviei do trecho do CTA, que sempre obriga a paradas na travessia das ruas. Atravessei outra passarela, a da Bandeirantes, por sobre a Dutra. E dali desci para a Rua Paraibuna, rumando à região central. Achei que pegaria uma
hora do rush danada. Mas até que estava bem tranquilo por ali. Será o frio?
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Queria sentir o frio que esse povo acha que sente... |
Percorri avenidas como a João Guilhermino e ruas como a Vilaça e a Siqueira Campos. Dei uma paradinha na rodoviária velha para um gole d'água. Já com sete quilômetros rodados e sabendo que não conseguiria voltar correndo, quase parei por ali mesmo e peguei o
busão para casa. Mas preferi seguir trotando um bocadinho mais. Cortei o centro da cidade pela XV de Novembro e Praça Afonso Pena. E cheguei à Avenida Adhemar de Barros, última do roteiro. Os dez quilômetros redondos (relógio mais uma vez
garfando metros finais) seriam completados defronte ao Parque Santos Dumont, com direito a uma esticadinha na rua da
padoca, onde parei para comprar umas broas de milho para a
dona patroa, fã da iguaria.
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Coisa airosa |
Para não transformar a
enganada da noite em um mini-longuinho, abri mão dos cinco quilômetros que me separavam de casa. Peguei o ônibus, sem medo de molhar o banco; e sem nenhuma vergonha de ter dado nó na programação, trocando os tiros por essa brincadeirinha boba (e boa), só para não dizer que fiquei parado. Pode ser que essa minha
preguicite aguda dificulte (ou até impeça) a missão do tempo sub-4 horas na maratona. Não tem problema. Não me fará infeliz se não rolar. O que desejo, mais que qualquer meta numérica, é seguir correndo. Devagar e sempre.
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Anatomia de um migué |
Link no Garmin Connect:
http://connect.garmin.com/activity/327807474
Resumo do treino:
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