sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Treino 23 - ¡Viva la evolutión!

Se existe algo que dá gosto de ver em uma preparação para prova-alvo, isso atende pelo nome de evolução. Como é gratificante constatar que o treinamento, tanto físico quanto mental, o torna apto hoje a fazer aquilo que ontem ainda não era capaz.

No meu caso específico, o de alguém que, definitivamente, não nasceu para o esporte que decidiu praticar, mesmo que essa aptidão seja reconquistada, que tenha sido algo absolutamente natural há pouco tempo atrás, mas que se perdeu por pura falta de hábito e repetição.

Meu primeiro semestre de 2012 foi difícil, acidentado, cheio de pequenas e incômodas contusões, mas também bastante produtivo. Falhei clamorosamente na primeira tentativa de correr 42,195 km, na dificílima Maratona da Linha Verde em Belo Horizonte. Mas me redimi nas duas seguintes, cravando dois recordes pessoais seguidos, nas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Foram as provas que me deram o "alvará" para querer tentar esse desafio da ultramaratona, alcançar enfim um próximo nível.

Recordar é viver
Em contrapartida, e até como uma recompensa pelo êxito, a segunda metade do ano foi de pura esbórnia. Não leve ao pé da letra: não embarquei no túnel do tempo e virei de novo aquele fumante-beberrão-boêmio dos anos noventa. Mas me dediquei a um semestre de apenas diversão em termos esportivos. Sem qualquer objetivo, treinei de forma extensiva, sem planilha e nem provas para as quais me preparar. Corri provinhas de 5 km a rodo, só para brincar. Deixei de lado os longões acima das duas horas e meia (salvo honrosas exceções) e passei a fazer rodagens livres, sem nenhuma preocupação com o relógio e nem o GPS embutido nele. Foram seis meses de total (e gloriosa) liberdade, mas também de destreinamento.

Correr por aí
Provas horrorosas (por culpa minha) que fiz no final do ano, como a Meia Maratona em Guaratinguetá e a Volta da Pampulha, já denotavam quanta dificuldade eu teria para voltar a correr a sério. Em todos os sentidos possíveis: aumentar distâncias, acelerar ritmos e, pior, bem pior para quem escolheu fazer uma prova com 24 horas de duração em uma pista de atletismo, ter paciência e equilíbrio mental para treinos psicologicamente desgastantes. Sim, falo deles: pista e esteira. Onde o prazer de correr dá lugar a uma sensação de tédio infinito.

Eu já tentei de tudo, mas não tenho remédio...
Na primeira vez no ano em que fui correr na pista (e olha que nem foi na convencional, a de quatrocentos metros da oficial do atletismo, mas em uma com mais de mil), tive uma dificuldade imensa ao fazê-lo. Dei apenas quatro míseros giros, parei para um estratégico gole d'água e, ao invés de prosseguir, inventei uma auto-desculpa qualquer e completei os seis quilômetros restantes no lado de fora do parque. Aliviado.

A "concorrência"
Um mês depois, regressei. O Vicentina Aranha continuava lá, belo e movimentado, cheio até a tampa de corredores e caminhantes (daqui a pouco vem o frio e ele esvazia...). Mas eu estava bem diferente. Diferente para melhor, aliás. Corri até menos que da outra vez: nove voltas ou pouco mais de 9200 metros. Mas sem aquela sensação do peso do mundo nas costas, sem uma corda imaginária no pescoço ou uma bola de ferro fictícia amarrada às canelas. Pelo contrário. Foi bastante prazeroso correr de forma contínua, até mesmo quando a companhia dos amigos Wilson e Silvio Américo, da metade em diante, fez o ponteiro do velocímetro avançar além do ritmo leve que eu pretendia imprimir. Nem vi o tempo passar. Parecia até que estava correndo na rua. Ou na praia (onde serão os próximos treinos, viva!!!).

Reaprendendo a correr indoor
Tudo isso é a tal da evolução. Ser, aos poucos, capaz novamente de ir mais longe, correr por duas, três ou mais horas. Ver o ritmo no relógio aumentando sem sentir o coração querendo sair pela boca. Assistir a uma queda lenta, quase imperceptível, mas constante, nos dígitos da balança. Tocar os músculos e dizer ei, pra um tiozinho de quase 4.2, até que tá legal... E também, e talvez o mais importante, ter a mente focada no objetivo maior. Meu corpo é extraordinariamente forte, já tive provas disso inúmeras vezes nesses anos de corrida. O maior adversário é a cabeça.

Focar-me-ei
Acabou a molezinha. Daqui em diante, os treinos, ou pelo menos alguns deles, serão cada vez mais de gente grande. Não se trata de desafiar meus limites, mas de ampliar as minhas capacidades. E disso, eu gosto muito. Que ninguém duvide: EU VOU CHEGAR LÁ!

Link no Garmin Connect:
http://connect.garmin.com/activity/273330617

Resumo do treino:


2 comentários:

  1. Showww!!!!!!!

    Adorei o post e um incentivo extra pro momento que vivo... O peso morbido (116 quilos) ja foi (estou com 104), agora é curtir as evoluções da corrida. Se Deus quiser e pra eu não morrer em urubici...
    claudio dundes

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    Respostas
    1. Morre nada! Nem de frio...

      Siga evoluindo nas distâncias e involuindo na balança.

      Abração!

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