segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Treino 16 - O lobo da estepe

Depois de dois domingos consecutivos praticando montanhismo, achei por bem dar um merecido alívio às minhas desgastadas panturrilhas. Foi simplesmente fantástico ter a oportunidade de regressar a Paraisópolis e baixar em cinco minutos meu tempo anterior por lá. Bem como a de enfim conhecer a bela Poços de Caldas e sua mitológica subida ao Cristo. Porém, depois dessas duas pedreiras seguidas nas Gerais, eu estava cansado demais da conta, uai!


Essas alterosas deixam qualquer um alterado
Cheguei até a receber o convite do ligeiríssimo amigo e corredor Higino para participar, pela terceira vez, de um treino no trajeto entre o Centro Comunitário do Alto da Ponte e a Fazenda Valkilândia, na zona norte de São José dos Campos. Agradeci, mas declinei. Não sou "fura-olho". Não me agrada em nada a ideia de marcar um evento quando já há outro previamente definido. Mas hoje, simplesmente, não dava para encarar mais um tobogã, como esse escolhido pela cavalaria. Uma alternativa de caminho suave era inevitável. Planinho, planinho... (ou quase!).

Se você é tiozinho(a), não disfarce, você se LEMBRA disso...
Foi por isso que montei, de última hora (e nem divulguei muito!), um percurso meio manjado, saindo de um lugar ainda mais: o Parque Vicentina Aranha de tantos outros treinos, solo e em conjunto. Fugindo propositalmente das pirambeiras e seguindo em direção à parte mais baixa da cidade, a várzea do Paraíba do Sul. Não incluí sequer os apêndices costumeiros, esticadas para as Avenidas Jockey Club, no Esplanada do Sol, e Via Oeste, normalmente usadas para ampliar os trajetos, mas com pequenas inclinações. Dessa vez, o caminho era direto e (quase) reto para a região do Urbanova. O destino final, o condomínio Reserva do Paratehy.

O caminho, já descontados os 10% a menos
Com a divulgação modesta e o tempo hábil escasso, pensei até que seria um treino pouco concorrido, com a presença apenas de mais dois ou três gatos pingados, além desse velho "arroz de festa" que vos escreve. Nada disso. Apareceu, logo cedo, defronte ao parque, uma até que numerosa e bastante animada turma de amigos. E olhem que havia, além do supracitado treino da tropa de elite, diversos outros grupos de corredores espalhados por aí, além de uma corrida oficial disputada na próxima Mogi das Cruzes.

Custou, mas pintou a foto da galera antes do treino
Ainda na convalescença de um acidente sofrido no treino do final de semana anterior, nossa companheira de equipe Vanda poderia simplesmente ter passado a manhã de domingo em casa descansando. Mas não. Demonstrando coleguismo à toda prova e muita solidariedade para com os amigos, ela veio, e na maior animação, colocando-se ao dispor para prestar apoio aos treinandos. Botaria o próprio carro na pista, transportando e distribuindo as garrafas d'água fornecidas pelo Tonico no posto de hidratação volante e reversível (na ida e na volta), montado à altura da sede do GACC, na Avenida Possidônio José de Freitas. Foi simplesmente providencial, em uma manhã não de sol aberto, mas bastante abafada.

Fazer parte de uma equipe de corrida não é apenas correr. Obrigado, Vanda!
Na ida, tudo bastante tranquilo. Segui pelos primeiros 11,1 km na companhia e em animado bate-papo com os amigos Aldo e Fábio Leite. Ao pararmos brevemente no posto de hidratação, pouco antes do oitavo quilômetro, chegamos a perder a "liderança" para o bloco que tinha Rafael, Edson e Tonico. Silvio, sabiamente, ainda se recuperando do esforço da Volta ao Cristo de sete dias antes, optou por retornar sem entrar à direita na avenida do contorno do grande, mas ainda pouco habitado, condomínio horizontal. De repente, passou por nós algo muito rápido. Era um pássaro? Era um avião? Não, era nosso amigo Vander Maciel, o Super Mineiro! Dá gosto de ver um cara correr desse jeito...

A cidade vista do Paratehy
A partir do muro que demarcava o fim do trajeto, no entanto, o tempo começou a virar... Não o clima propriamente dito; mas as coisas para o meu lado. Dei uma breve parada para mais um gole d'água e um gel de carboidrato. Aldo até esperou, mas acabou preferindo seguir em seu ritmo, deixando o peso morto para trás. Mesmo não tendo corrido até ali em ritmo dos mais fortes, sentia bastante cansaço (provavelmente acumulado), calor e sede àquela altura. As panturrilhas pareciam relembrar o tempo todo da(s) grande(s) ladeira(s) no sul de Minas. Fui perdendo rendimento a olhos vistos. Praticamente não conseguiria mais correr abaixo dos seis minutos por quilômetro dali até o final.

Um flagrante das câmeras na minha segunda metade do treino
Parei novamente no posto de hidratação, agora perto dos 14 km, onde fiquei por um ou dois minutos, tentando retomar o fôlego e a vontade de correr. Não exagerei na água de beber, mas aproveitei a fartura da oferta para um belo e refrescante banho de copinho. Trotaria por mais uns dois quilômetros e, visivelmente esfalfado, não aceitaria por bem pouco a oferta de carona da Vanda. Pensei, entretanto, no quanto seria importante chegar pela primeira vez à marca dos vinte quilômetros no ano. O que já foi quase uma banalidade para mim em um passado recente, mas é também algo que não nasci com aptidão natural para fazer. E que preciso exercitar com frequência para não perder a mão... Não é excesso de (e nem falsa) humildade. É puro realismo (e autoconhecimento!).

I am what I am
Rendi-me então às condições, as minhas próprias e as do dia. Alternei bons e maus momentos, resisti mil vezes à vontade de capitular, trotei, andei, fiz que ia correr de novo, parei mais uma vez para reabastecer o squeeze em um posto de combustível (não com o próprio, claro!). Ao chegar de volta à Avenida Anchieta, ao invés de seguir reto, como os colegas de treino, dobrei à direita na praça popularmente, e não por acaso, conhecida como "Maconhão" (hoje em dia, devidamente iluminada à noite, não tão mais). Subi, mezzo trotinho, mezzo caminhada, a nossa versão caipira da Avenida Paulista, via lateral da escola onde me graduei técnico em informática industrial no final dos anos oitenta. Pelas ruas quase circulares do elegante Jardim Esplanada, percorri um último quilômetro para completar afinal os vinte que almejava.

Fiquei feliz por conseguir. Não importava que fosse ali um dos que correram menos. Todos nós, cada qual à sua forma, fizemos por merecer os parabéns.

Alguns dos sobreviventes
Ainda que meio atrasada (era para eu já estar, segundo reza a planilha, rodando algo em torno de 2h30min; ou cerca de 25 km, em ritmo de cruzeiro), a preparação segue. E eu sigo acreditando nela. Totalmente.

Link no Garmin Connect:
http://connect.garmin.com/activity/269108190

Resumo do treino:











P.S.: Pô, de novo, Garmin Connect? O relógio mostra 20 km redondos e ritmo de 5'58''. Pangaré, sim, e com orgulho, mas um pouquinho menos... :-(

2 comentários:

  1. Já consegui chegar nos quase 19 km este ano, em ritmo devagar, quase 6 min/km. No começo do ano é o que tem.

    Quanto ao seu Garmin, ele está marcando o tempo em movimento e não o tempo que seria o total. Por quê? Eu não faço ideia, mas ele ta desconsiderando ou considerando alguma coisa a mais. :D

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Valeu, Enio. Desde a Maratona do Rio, em julho do ano passado, fiz pouquíssimos treinos acima de 20 km. Mas acredito (e preciso) poder voltar aos poucos a tornar normal essa rodagem e acima. Tudo é questão de costume.

      O relógio está mostrando o tempo correto. Quem está surtando, aparentemente, é o site Garmin Connect, mostrando distância e pace diferentes da que o relógio registra.

      Excluir

Obrigado por estar comigo neste caminho. Deixe também o seu registro de passagem. Dê sentido à existência disso tudo.