terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Um loooooongo debate

Alongamento. Mais um assunto sobre o qual simplesmente não há nenhum consenso. Há quem o pratique desbragadamente, chegando ao extremo de esticar até os dedos das mãos antes de um treino ou corrida (ô, como serão utilizados!). E há também corredores veteranos, que até já foram praticantes num passado distante, mas hoje dão uma de corvo do Poe. De minha parte, como em quase tudo na vida, tento não ser extremista. Nem grego nem troiano.

Vai correr ou tocar violão?
Alongar antes (ou depois) de correr é indispensável? Para mim, pessoa física, não. De tempos em tempos, saem estudos científicos que ora recomendam, ora condenam. Parece até aquele papo sobre o ovo (e outros alimentos): um dia é veneno, outro dia, salva sua vida. Chega-se à inevitável conclusão de que ficar se deixando influenciar por estudos é que verdadeiramente faz mal...

E alongar no dia-a-dia, de forma independente da corrida, para ter um corpo mais flexível, é indispensável? Para mim, CPF número tal, sim. Não quero ser um velhinho (vai demorar um pouquinho, mas uma hora ela, a "veiêra", chega) forte, enxuto, com bom condicionamento físico, capaz de correr "n" quilômetros... Mas incapaz de me abaixar para pegar um objeto que caia no chão. Ou de me esticar para alcançar algo que esteja em uma prateleira mais alta no supermercado.

Não preciso ser como a Dona Maria Borracha, mas um pouco de flexibilidade já ajuda
Como a maior parte dos iniciantes no esporte, comecei a correr sem saber absolutamente nada sobre alongamento muscular. Achava muito estranho ver aquela turma empurrando árvores e cansei de murmurar tss, tss, tss's... Mas acabei vencido pelo mimetismo. Para não ser diferente da maioria dos frequentadores do meu primeiro local de treinamento e não chamar muito a atenção, incorporei o ritual do grupo. Antes das voltas na pista, também esticava isqueotibiais, sóleos, gastrocnêmios, adutores, abdutores e outras coisas que nem sabia que tinha.

Acabei me acostumando... E vendo benefícios práticos. Se não havia como comprovar a eficácia na prevenção de lesões (cheguei a deduzir, erroneamente, que uma contusão que tive no quadril se deveu ao simples fato de não alongar antes de um determinado treino), minha notória evolução na flexibilidade, fazendo de forma cada vez mais fácil e natural movimentos que antes pareciam coisa do Cirque du Soleil, já era suficiente para perceber a importância do hábito de alongar. Virou parte da minha rotina.

Opções (e músculos) não faltam
Mas não sou um xiita. Radicalismo, jamais. Progredindo também nas distâncias e, por conseguinte, fazendo treinos de corrida de cada vez maior duração, passei automaticamente a ter menos tempo disponível para atividades paralelas. Dispor de três horas ou mais de alguns dias para treinar, para quem trabalha em outra atividade, não vive (e nem se quisesse viver!) do esporte, já é complicado... Sacrifica convívio familiar, rouba precioso tempo que poderia ser dedicado a tantas outras coisas. Como ter então tempo então para aquecer, alongar, correr, desaquecer e alongar novamente? Só clonando...

Com o tempo, fui deixando de lado o ritual diário do alongamento e passei a fazer dele uma prática nos dias em que não corro. Antes e depois dos treinos de musculação, às terças e quintas (depois, para ser bem sincero, ando relaxando: os treinos têm sido longos demais e, com uma fome de leão, acabo pulando essa parte; feito o mea culpa público, prometo voltar). O treino na academia só é completo quando inclui aquecimento (bicicleta, elíptico ou caminhada na esteira), abdominais diversos e todos os desenhinhos que estão no espelho (e, depois de tantos anos, também na memória).

Esbaldar-se no espaldar
Se a discussão é interminável, deixo que ela siga correndo ad eternum. E, experimental que sou, acho minha própria fórmula, aquela que funciona melhor para mim. Se o fato de alongar não me faz necessariamente um corredor melhor (e nem pior), sinto que sou um indivíduo mais completo por também trabalhar em meu cotidiano essa valência física, a da flexibilidade, junto com boa parte das demais (força, resistência muscular, velocidade, coordenação motora, equilíbrio, condicionamento). Não sou atleta e nem quero ser. Mas por que não fazer o melhor que posso? Por que ser monotemático?

Podem tirar sarro (principalmente meus colegas de puxar ferro). Mas, se eu tivesse um trocadinho sobrando, aproveitaria o sábado livre e faria até pilates. Quem sabe um dia...

Ê, ô ô, vida de morcego...
 

17 comentários:

  1. Belo post!
    Eu costumo alongar antes de depois dos meus treinos, tanto na academia, quanto na rua.
    Vejo as opiniões, as pesquisas, mas tento ir por mim: o que me faz bem.

    Abraços!
    http://mfarias.hdfree.com.br

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    1. Valeu, Marcio! Obrigado pela visita e mensagem.

      Bem por aí. Leio muito, filtro o que parece interessar e coloco em prática aquilo que funciona para mim.

      Abraço e bons treinos!

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  2. Querido Fábio.

    Bom dia!

    O problema das pesquisas é que pegam um grupo de pessoas com base em certos critérios e fazem uma estatística, que pode ser válida para muitas pessoas mas nem de longe pro resto.

    No meu caso sou todo travado, quando me abaixo com as pernas esticadas não consigo nem de longe tocar os dedos no chão. Me parece óbvio que para mim o alongamento é essencial, e estou tentando ser mais disciplinado nesse ponto.

    Para uma pessoa mais flexível o alongamento pode ser desnecessário ou até prejudicial. Mas para mim continuo alongando...

    Um forte abraço para todos,

    Daniel Malaguti

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    1. Bom dia, Daniel! Perfeita a sua colocação. Tentar tratar desiguais como iguais é uma das maiores dificuldades de tudo o que diz respeito a seres humanos.

      Eu acho que flexibilidade é sim um dom natural que uns têm mais que outros naturalmente, mas algo que também se trabalha e mantém. Tenho facilidade de ganhar, bem como também de perder, quando deixo a disciplina de lado. Por isso também continuo alongando...

      Grande abraço, obrigado pela visita e mensagem.

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  3. Caro amigo, acho que o aquecimento depende do biotipo de cada um, eu mesmo já fiz alongamentos por até 15 minutos antes das corridas e confesso que não vi diferença alguma, hoje em dia alongo a panturrilha e músculos da coxa e vou pro " Pau ",, o único cuidado que tomo e o de sair num ritmo mais lento até que eu me sinta aquecido, só depois que vou para meu ritmo normal..

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    1. Verdade, Luiz Alberto. Vejo o alongamento, como digo na postagem, como uma coisa para o dia-a-dia e para a vida. Antes de correr, aquecimento, esse sim é fundamental.

      Abraço!

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  4. Eu faço isso. Alongamento durante o dia, em qualquer lugar que seja possível. Antes e depois da corrida jamais.

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    1. Valeu, Enio. Independente do momento, acho que o importante mesmo é fazer.

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  5. Oi. Eu costumo alongar antes e depois, não muito, mas o básico. Pra mim faz bem, quando não alongo fico bem dolorida. Acho que o importante é avaliar o que faz bem pra cada um mesmo. Seu exemplo dos alimentos foi ótimo. Já estão falando até que chocolate ajuda a emagrecer...rs.
    Bjs

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    1. Oi, Karen! Acho que vai muito do costume, também. Tinha essa percepção de dor quando eventualmente não alongava antes ou depois de um treino ou corrida. Hoje, não mais.

      Chocolate emagrecedor venderia mais que água no deserto... ;-)

      Bjs e obrigado pela visita e mensagem!

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  6. Sou ciclista qual seria o alongamento ideal para mim...
    grato..

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    1. Desculpe, Cassio, mas não tenho informações sobre alongamentos específicos para ciclistas.

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  7. Sempre alongo um pouquinho antes e nem sempre depois do treino, e as vezes alongo independente de treino. Pra efeito de performance acredito que não me acrescenta em nada, porém sempre que alongo sinto o corpo melhor, mais relaxado. Então entendo que é bom e vou continuar fazendo.

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    1. Se está funcionando, em time que está ganhando não se mexe, né? Também acho que tem pouco, quase nada a ver com performance e muito, quase tudo a ver com se sentir bem.

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  8. A questão do alongamento é mesmo muito polêmica, quando se trata de corrida.
    Procuro aquecer antes e alongar depois.
    Quando utilizado na prevenção e na recuperação do atleta após lesões, torna-se uma atividade fundamental. Nesse exato momento, me recupero de uma lesão e o alongamento tem sido muito importante.
    Lendo o seu texto, lembrei-me de um de nossos companheiros de corrida aqui da região. Ele sim é xiita! Alonga até os dedos. Se deixar ele alonga até o cabelo! Não sai para uma corrida sem fazer uma longa e demorada sessão de alongamento. A flexibilidade dele é impressionante. Apelidamos ele de "cisne negro". Ele é um excelente companheiro mesmo, sendo metódico e dedicado. Cheguei até a fazer um vídeo com ele.
    Abraços e boas corridas por aí!
    Nilo

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    1. Obrigado pela visita e mensagem, Nilo. Com toda a polêmica, acho que vale a máxima: fazer aquilo que funciona bem para a gente. Alongo no dia-a-dia, principalmente antes e depois dos treinos de musculação. E vou, assim, mantendo a flexibilidade como uma das minhas boas características.

      Abraço, boas corridas por aí também!

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  9. Oi, meu nome é Bruna e eu, sempre que posso, venho aqui no seu blog. Tenho um blog sobre emagrecimento com corrida e gostaria de postar lá algumas coisas que você posta no seu, claro que com as devidas citações da fonte. Se quiser me siga também!

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