quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Treino 14 - Como era verde a minha área

A imagem abaixo é bonita e inspiradora. Pai e filho se divertindo em uma área destinada ao lazer e à prática esportiva. Que bom existir e, melhor ainda, tão pertinho de casa, um lugar assim. Um verdadeiro santuário em meio à selva de concreto da cidade.

Mas repare bem nos detalhes, olhe o estado dessa pista de terra. Reformada há tão pouco tempo, menos de dois anos e meio, a Praça Doutor Roberto Monteiro de Andrade, situada entre os bairros Jardim Satélite e Bosque dos Eucaliptos, zona sul de São José dos Campos, encontra-se muito judiada. Não merecia isso, coitada...

Não basta ser pai
Tenho uma ligação sentimental, e das mais fortes, com a Área Verde do Bosque, como o local é popularmente conhecido por aqui. Foi lá que eu, então um obeso quase mórbido, hipertenso, ex-fumante recente e sedentário convicto, redescobri o prazer do movimento. Primeiro caminhadas, mais tarde algo mais ou menos parecido com correr. Em meio às arvores e nesse ambiente de paz e tranquilidade foi que comecei a (re)escrever minha história como esportista. Foi, não por acaso, o cenário que escolhi para contar a minha história ao programa "Vamos Correr!" no canal ESPN Brasil em dezembro de 2011.

Se cuida, Rodrigo Lombardi!
Fico imensamente triste com o que vejo hoje. Sou apartidário, quase apolítico. Para mim, tanto faz se quem governa a cidade é azulzinho ou vermelhinho, desde que faça as coisas direito e com honestidade. Mas a transição do poder, que começou depois de 7 de outubro último, quando os primeiros foram derrotados nas urnas pelos segundos, tem sido um desastre de âmbito municipal em vários aspectos. Inclusive esse. Quem estava para sair, praticamente parou de trabalhar. Quem entrou, parece que não começou direito ainda. O mato está ficando alto, literalmente...

Eles que se entendam
Pela primeira vez nessa nova temporada, a caminho da ultramaratona de 24 horas, tive a oportunidade de voltar ao lugar onde tudo começou. Ok, dirão alguns (com quem concordarei), a chuva dos últimos dias andou castigando bastante. Outros locais, com o mesmo tipo de piso, também ficaram meio detonados. Mas não é só isso. O aspecto de abandono ronda e dá o tom. A impressão é de que ninguém limpa absolutamente nada por ali há bastante tempo. Há galhos, folhas e frutas caídas apodrecendo e, pior, lixo, espalhado pelos quatro cantos. A retirada das telas de proteção e a abertura em tempo integral deixou o lugar mais aprazível e acessível, é bem verdade. Mas virou chamariz para vândalos. Uma torneira de bebedouro já se foi... Mesmo com uma base da Guarda Municipal no extremo oposto, na Avenida Ouro Fino.

A pista interna de terra, antes lisinha, boa até para fazer treinos de tiros, agora está toda irregular, cheia de buracos e água empoçada, virando um perigoso criadouro de mosquitos, inclusive. E obrigando corredores a dividir espaço com caminhantes no anel mais externo, de concreto. O nó na garganta é inevitável. Boa parte da minha história está ali.

Saudade dos bons e (nem tão) velhos tempos
Tentando o tempo todo evitar as torções e ainda me recuperando das dores musculares da Volta ao Cristo, fiz um quilômetro de aquecimento, de casa até lá; dei oito voltas na pista (quatro no sentido horário e outras quatro no anti-horário) de seiscentos e tantos metros. E completei os sete quilômetros rodados com um trotezinho de retorno à base. A necessidade de subir diversas vezes ao concreto fez com que o GPS se atrapalhasse todo, perdendo o sinal sob a cobertura das árvores hora ou outra. O meu ritmo praticamente não variou, pelo menos tive essa percepção, mas o relógio apitou com parciais tão díspares quanto 5'19'' no km 3 e 6'13'' no km 6. Não vivo sem o meu Garmin... Mas tem dias em que ele simplesmente pira na batatinha!

Pior que não levo nada pelo merchandising
Findo o treino, corri para casa para tomar um banho de gato, me "desenfeiar" um pouco e, ao lado da minha companheira e cúmplice, Janete, tomar parte (como espectador, claro) da cerimônia de premiação do Circuito Joseense de Corridas de Rua. Ali mesmo, do outro lado da mesma Avenida Andrômeda, bem em frente de onde correra minutos antes. No novo e bonito prédio-sede da Casa do Idoso da zona sul.

Estimular o convívio social e as atividades, quaisquer que sejam elas, entre aqueles da  chamada "melhor idade", é fundamental
Foi muito bom ouvir no breve discurso do ex-vereador e agora novo secretário de esportes, Sr. João Bosco, que há interesse na manutenção daquilo de bom que vinha sendo feito, no que diz respeito às corridas de rua, pela administração anterior. Que existe a intenção de ampliar e aperfeiçoar o nosso calendário pedestre local. Soou como música aos meus ouvidos a menção a um velho projeto, sobre o qual venho falando há muito tempo: a realização de provas populares nos bairros periféricos. A ideia de ver o esporte que amo verdadeiramente democratizado, e não transformado num pólo sem cavalo, como querem alguns, chega a me comover. Fiquei satisfeito também em ter a impressão de que há abertura para o diálogo. Espero não estar enganado. Quem ouve o maior interessado, o corredor, sempre faz corridas melhores, isso é fato.

Tá vendo? A gente tem roupas civis também... Não muitas, mas tem!
Espero também que, entre os muitos projetos da pasta do secretário, esteja a manutenção das áreas de lazer e prática esportiva que já existem e são tão úteis. E que os meus próximos treinos na querida Área Verde do Bosque sejam menos perigosos e pantanosos.

Link no Garmin Connect:
http://connect.garmin.com/activity/267799792

Resumo do Treino:

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