sábado, 10 de agosto de 2013

Treino PL54 - Tudo de cabeça para baixo

Quem não se lembra daquele papo bissurdo da infância, de cavar um buraco no quintal (coisa que hoje em dia nem existe mais) e sair lá no Japão? Eu, de feições nipônicas, tinha ainda uma carga adicional de bullying, ouvindo os coleguinhas perguntando como havia sido a viagem...

O que atrapalha é o magma
Faltando menos de dois meses para a prova-alvo do segundo semestre, que dá as iniciais P e L aos treinos e títulos das postagens, eis que vou parar em Tóquio. Não, não é para a maratona local, que entrou para as majors e acontece só em fevereiro de 2014. Não, não ganhei zoiões de mangá e nem pintei os cabelos de rosa. Só mudei de fuso horário em relação aos meus treinos. O velho animal noturno que vos escreve vai ter de virar, na marra, um corredor matinal.

Emília, Emília, Emília... ♪♫♪
Com minha esposa e chefe de torcida em um compromisso nas noites de segunda a sexta durante os próximos três meses, sobraram para mim as tarefas de baby-sitter (de "bêibi" grande) e dono-de-casa. Que dureza! E pior que o Fantástico nem está por aqui... Ou ainda bem que não está!

O que vai acontecer? ♪♫♪
Pode parecer frescura, afinal, eu já acordo cedo para correr. Mas é bem diferente fazer disso uma exceção, uma vez por semana, aos domingos; e ter o resto do dia para descansar. Do que uma regra, (quase) todos os dias, madrugando para treinar nas ruas ou na academia. Para mim, isso é subverter a natureza. A minha, pelo menos. Correr de luz apagada é sempre um prazer. Com ela acesa, dependendo da intensidade luminosa, vira um sacrifício.

Eu sou da night
Mas não tem chabu. Se é assim que tem de ser, assim será. Um desafio a mais, entre os muitos que já enfrentei desde que escolhi contrariar meu tipo físico e a lógica para praticar este esporte. Comecei nesta sexta, em que tinha na planilha um longuinho de 25 km (que faria na luxuosa companhia dos amigos, aliás). Coloquei o alarme do relógio para as cinco e meia da madrugada. Acreditei num snooze extraoficial, "só uns minutinhos a mais"... E só fui sair da cama depois das seis e meia!

Quase isso...
Aí, claro, não teria jeito de correr a distância que queria. Tomei café da manhã rapidamente, vesti o uniforme de super-herói e me mandei para a rua, com o relógio marcando sete e pouquinho. O sol já havia dado as caras, mas o friozinho da manhã ainda era agradável. O GPS custou a achar o satélite e atrasou ainda mais o início da brincadeira. Atravessei a Cidade Jardim e, a passos lentos, iniciei o caminho na ponta de cá da Cassiopéia. Sem nenhum roteiro prévio na cabeça.

Vamo improvisá... ♪♫♪
Acostumado à camuflagem da noite e sem vontade nenhuma de ouvir depois gente dizendo "te vi correndo em pleno dia de semana e horário de trabalho, que vidão, hein?", evitei inicialmente as vias principais. Logo deixei a avenida, pegando uma das ruas laterais. Mas não tinha como ficar rodando só pelo miolo do bairro. Chutei o balde e fui de uma vez para avenidas movimentadas, como a Andrômeda, a marginal da Dutra e a Francisco José Longo. Correr traz tanta paz de espírito que manda para longe, ainda que momentaneamente, qualquer incômodo.

É o meu alto da montanha, a minha meditação
A cidade ainda acordava e eu esticava o meu roteiro em apêndices não muito usuais, como a pista de caminhada da Tívoli e o meio do Jardim Maringá. Vendo belezas que o escuro da noite não me permite admirar bem, mas também as mazelas de uma cidade cheia de contrastes. Quanta gente dormindo em marquises e até bancos de praças, em plena capital do avião e da tecnologia.

O IDH alto esconde isso
Uma passadinha pela região nobre, uma paradinha para uma água no Vicentina. Uma indispensável visita à orla do Banhado, cartão postal municipal. Primeiro nas paralelas Anchieta e Borba Gato, depois da curva do "S" em diante, até a rodoviária velha. Continuar? Vontade dava, mas o relógio já marcava oito e meia da manhã, hora em que eu deveria começar no batente. Tempo de começar a retornar.

Um visu desses aí atrás e eu preocupado em trabalhar...
Se o caminho de ida até o centro fora tortuoso, o de volta seria bem mais direto, quase um retão só. Rua XV, Nelson D'Ávila, João Guilhermino e Paraibuna. No Anel Viário, aos quinze quilômetros, o Garmin deu tilt (de novo?) e reiniciou, quase me fazendo desanimar de vez e voltar andando. Mas ainda estava longe demais de casa para isso. Retomei a cronometragem na Mario Covas e trotei mais quase dois quilômetros até a base da muralha da Cidade Jardim, que "escalaminhei". Missão cumprida, 16,8 km em 1h42min. Lento, estranho, difícil, parece até outro esporte... Mas eu me acostumo com ele também!

Em dois tempos
Assim será, daqui em diante. Ainda vai haver uma fase de transição e adaptação, pretendo pelo menos manter a tradição dos treinos coletivos às quartas, a vovó já disse que cuida do netinho nesse dia. Mas às segundas, sextas e domingos sem provas (será que tem isso?), os treinos serão todos matutinos. Pode ser até bom, afinal, as corridas, em sua maior parte, assim são também. Colocar em prática o princípio da especificidade tende a ser útil e ajudar na reta final da preparação. Veremos no que dá. Estou disposto a tentar.

Vamos acreditar nisso

4 comentários:

  1. Hj que fiquei sabendo o significado da sigla.
    Boa jornada até sua prova alvo, e uma adaptação darwinista!

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    1. Tem sido uma jornada meio torta, mas ainda acredito num final feliz para ela. Vamos ver no que dá.

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  2. Voce fez falta hoje nos 25km(nem te mandei e mail porque sei que amanhã vc tem prova em SP), encontrei o amigo veterano Toninho no último km.
    Abraço e boa prova domingo!

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    1. Pois é, meu amigo... Ao contrário do primeiro semestre, embalei nas provas "just for fun" nesse segundo. Tá difícil achar uma janelinha para treinos no final de semana. Mas vamos ver se a gente combina algo pra esse de 30 km aí.

      Abraço, boa semana e bons treinos pra BsAs.

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