sábado, 19 de janeiro de 2013

Treino 8 - Acendeu a luz amarela

Meu primeiro, mais antigo amigo do universo das corridas, o professor Toninho, é autor de várias frases célebres, que deveriam ser reunidas em um livrinho de bolso, estilo "Minutos de Sabedoria". Geniais em sua simplicidade, sempre. Uma delas, que me veio à cabeça na hora de escrever este texto, é profunda e dolorosamente verdadeira. "A gente costuma se machucar justamente quando começa a acreditar que está bem demais".

Em breve, nas melhores livrarias
A preparação, até aqui, vinha de vento em popa. Cumpri toda a programação desde o último dia de 2012: fiz a Corrida da Virada, descansei na semana seguinte, retomei os treinos no primeiro domingo do ano e fiz tudo como manda o figurino (e a planilha) desde então. Estando no período de base, priorizei rodagens livres, sem ritmo definido e em lenta e gradual evolução nas distâncias. Pode-se dizer, sem medo de errar, que fui até bastante cauteloso. Abri mão dos percursos completos nos longões com os amigos, concluindo a pé ou de busão depois de correr o quanto havia previsto.

Cautela e canja. Não fazem mal pra ninguém, exceto ela
Nessa transição entre a paradeira de final de ano e a retomada das atividades regulares, algo foi bem mais prejudicado que o condicionamento físico em si. Os apenas cinco dias sem treinar corrida, mesmo com toda a comilança das festas e inevitável (e vexatório) aumento no número mostrado pela balança, não afetaram em nada meu rendimento. Cardiopulmonarmente falando, parece que voltei igual ou até melhor que no fim de 2012.

Mas a pausa no treinamento de força e resistência foi bem mais longa. A academia fechou em 22 de dezembro (eu estive lá pela última vez no dia 20) e só reabriu no dia 07/01/2013 (e eu voltei no dia 8). Foram dezoito longos dias sem malhar. Fizeram falta. Não tenho mais vinte e um anos. Completo o dobro disso no próximo dia 26 de março. Não preciso de nenhum terrorista para me alertar que é parar com a musculação e ver a lei da gravidade entrar em ação.

Bobeia pra ver, Clark...
Na primeira semana do retorno ao treinamento, eu peguei levíssimo. Ao invés de já encarar as trinta repetições de cada exercício na série de resistência de terça-feira, comecei com vinte. Aumentei para vinte e cinco na seguinte. Na série de força da quinta-feira, iniciei com as tradicionais doze repetições por exercício, mas com bem menos carga do que vinha utilizando no encerramento da temporada anterior. As DMTs (eu disse "M"!) até vieram, mas foram leves e suportáveis.

Mas talvez eu tenha me empolgado além da conta. Na ânsia de voltar à boa forma (na medida do possível e do meu biótipo), provavelmente precipitei o retorno aos pesos pesados, logo na segunda semana de treinamento de força. É aquela tal história: a gente acha... Caí na besteira de deixar um monte de anilhas (embora tenha até tirado algumas), justamente em um aparelho onde já me estropiei antes. Um daqueles que considero mais importantes para quem quer (e precisa) ter pernas fortalecidas para enfrentar intermináveis quilômetros. Mas que tem lá os seus riscos. Como qualquer outro, aliás.

Se eu coloco foto minha, perco visitantes...
Quadríceps fortes são armas valiosas nas longas distâncias, já constatei isso na prática diversas vezes em treinos e corridas. O leg press 45º trabalha pra valer a musculatura anterior das coxas, bem mais e melhor que o seu "xará" horizontal. Mas requer muito cuidado na sua utilização, principalmente para quem, como eu, tem um problema recorrente de lesão na virilha. Na primeira vez em que me machuquei, fiquei um bom tempo sem "brincar" nele. Gato escaldado, voltei aos poucos, sempre tomando o cuidado de não exagerar na carga. Nada de esgotar o estoque de anilhas da academia e ainda pedir pra um caboclinho ficar "surfando" na plataforma.

Nem achei que era tanto peso assim (não vou mencionar números porque isso é subjetivo demais). E a dorzinha na hora pareceu coisa à toa. Finalizei a sessão normalmente, sem maiores problemas. Mais à noite, no entanto, virou um incômodo, bem chatinho, daqueles de atrapalhar de dormir, até. Não tomei nada, não apliquei gelo (o local não ajuda), simplesmente esperei para ver. E, no dia seguinte, pareceu ter desaparecido totalmente. Cheguei quase a esquecer. No final da tarde de sexta, parti para o treino de corrida como se nada houvesse acontecido.

E agora, qual é o que dói mesmo?
A caminhada de aquecimento foi animadora. Mas bastou começar o trote para notar que algo não estava legal. O avanço da perna direita causava o mesmo incômodo da noite anterior. Não era uma dor forte, mas limitava naturalmente o movimento. Preocupado e precavido, menos de um quilômetro e meio à frente, interrompi a corrida e voltei andando. Fiz outros testes. Tentei trotar na grama, em busca de um impacto menor. Passei na academia e corri mais um quilômetro na esteira, abaixo dos 9 km/h. De nada adiantou. Paliativos não são soluções. Menos dor não é ausência de dor. Abortei o treino. Perder um não é nada. Já perder um mês ou dois de treinos pode adiar meu projeto (e sonho) de correr a ultramaratona de 24 horas em junho.

O sonho não acabou. Nem vai...
Fica em aberto então a minha participação na Corrida do Aniversário de Paraisópolis, a prova-treino prevista para este domingo, 20/01. Irei, de qualquer maneira, à cidade, nem que seja só para fazer companhia aos amigos e saborear o delicioso pastelão do mercado. Mas só vou correr se não estiver com dores. Se iniciar a prova e sentir a lesão, paro na mesma hora. A linha que separa a determinação da burrice é tênue. Mas decisiva.

Que eu vou, eu vou... Correr é outra história!
Agora é seguir cuidando dessa dorzinha e aprendendo com os erros. Porque da Volta ao Cristo, no outro domingo, não quero ficar de fora de jeito nenhum... Da ultra, então, nem se fala! Vai ser só susto, vocês vão ver. Logo, logo, estou inteirão outra vez.

6 comentários:

  1. Fabião, se cuida ai e descansa essas pernas pra semana que vem.
    Abraço

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Valeu, grande Silvio, estou cuidando. Só corro amanhã se estiver legal. Domingo que vem, #tamojunto lá no Cristo.

      Abraço!

      Excluir
  2. Tá certo, adiar uma corrida em função de um projeto maior. Força.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado pela visita e mensagem. Até porque não é bem uma corrida, está mais para um treino. Pelo menos é essa a minha intenção nesse momento, treinar.

      Abraço e obrigado pela força!

      Excluir
  3. Bom dia!

    A única lesão indiscutível que a musculação causa é aos tímpanos. Aquela música que eles tocam nas academias é um horror.

    Nunca consegui me enquadrar no ambiente das academias e por isso mesmo jamais consegui engatar um treinamento sério de musculação. No momento estou estudando alternativas para fazer isso em casa mesmo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Bom dia, Daniel. Boa! O gosto musical das academias é realmente duvidoso, no mínimo...

      Não sei se tive sorte, mas considero o ambiente da minha, a única que frequentei na vida, bastante amistoso, bem diferente do cenário que tinha em mente antes de entrar em uma. Há sim as figurinhas difíceis, mas a maior parte é gente boa. Tenho muitos amigos por lá, mesmo estando bem fora do padrão (e objetivos) dos frequentadores típicos.


      Cheguei a tirar umas "férias" de dois meses no ano passado; e optei por adquirir uma rubber band, faixa elástica de borracha para fazer exercícios caseiros. Não me adaptei bem a ela. Disciplina para fazer os exercícios até tinha e ela até que é bem versátil, permite fazer a maior parte dos movimentos e simular alguns aparelhos. Mas não é a mesma coisa. Voltei para ficar.

      Excluir

Obrigado por estar comigo neste caminho. Deixe também o seu registro de passagem. Dê sentido à existência disso tudo.