quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Treino 7 - Indo até o limite

Limite de município, que fique bem claro. Não é porque estou me preparando para uma prova de (bem) longa duração que mudei de discurso e estou à procura dos meus próprios. Correr é saudável? Claro! Correr 42 km ou mais também é? Não necessariamente. Diria que está mais para um desafio, uma concessão que você se dá, um luxo ao qual você se permite vez ou outra. Pode agredir o seu corpo, um pouco mais ou um pouco menos, dependendo do quanto você se prepare para isso. Eu, particularmente, venho me preparando há quase cinco anos.

E segue a tradição dos treinos de quarta-feira à noite. Como mencionei em outra postagem, abro mão até das provas aos domingos em nome desse objetivo maior das 24 horas, mas jamais dos coletivos com os amigos durante a semana. E, que legal, sinto na galera essa mesma empolgação. A cada semana, um percurso diferente, um novo cenário, sempre novidades. Dessa vez, por sugestão do nosso companheiro Antonio Pedro, o impagável Tonico, o ponto de encontro foi o recém-inaugurado Centro da Juventude. Nada mais apropriado. Somos mesmo jovens, de todas as idades, afinal.

A volta (repaginada) do velho aliado
A bem da verdade, é a cara nova de um velho conhecido. O antigo e agora reformado e rebatizado Pavilhão Municipal de Exposições Fuad Cury, no bairro Parque Industrial, talvez seja um dos lugares onde mais treinei, desde a minha pré-história como corredor. Na sua pista de asfalto, fiz muitos treinos de tiros (sem alvejar ninguém) e tempo runs. A quase ausência de outros corredores por ali, principalmente gente mais rápida que eu, me deixava bem à vontade para mostrar toda a minha lentidão (e parecer nem tanto). Fazer isso na frente das feras na pista do João do Pulo, por exemplo, dá uma vergoooooooonha...

Mas nesta noite de quarta, o Pavilhão, ou o Centro, era apenas o local da concentração. A rua nos aguardava. Bolara um percurso pelos arredores, fugindo um pouco do trânsito pesado da Estrada Velha Rio-SP, entrando pelas ruas do bairro. Se fosse um treino em dupla, trio ou pequenos blocos compactos e homogêneos, beleza, seria perfeito. Para um grupo maior e de ritmos variados, era um convite à ilha de Lost. Achei melhor rever meus conceitos e sugerir um trajeto mais retilíneo.

Um retão só
O tempo, bipolar que só ele, não se decidia. Às vezes parecia que ia armar temporal. Outras, só faltava abrir sol. Esperamos um bocadinho pela chegada da turma de Caçapava, tiramos as fotos para atualizar o álbum e, doze minutos além do previsto, pegamos a estrada, literalmente falando. Trânsito, até que ainda tinha bastante. Mas já não era mais hora do rush. Daria para correr sem sustos.

Time escalado
O caminho era até a ponte sobre o Rio Comprido, divisa com a cidade de Jacareí (o tal "limite" do título). Até lá, só alegria. Dia ainda claro e a longa e forte descida, margeando aquele terreno que um dia ficou famoso como Pinheirinho. Depois da rotatória, que a turminha fez com excesso de preciosismo, em compensação, o que era aquilo??? Pagamos, com juros, o preço da felicidade rampa abaixo...

Escalei a pirambeira no vácuo do amigo e futuro compadre Luis Carlos. E até que ela não quebrou tanto assim o ritmo. O trecho mais agudo foi o único que teve pace ligeiramente acima de 6'/km. Na descida, havíamos ficado quase abaixo dos 5'. O medo era de chegar perto de 7'.


Repare no "abismo" no meio do gráfico
Escureceu rapidinho e aí, todo cuidado passou a ser pouco. Alguns trechos, menos iluminados, escondiam não só poças, mas também traiçoeiros buracos. A Adriana chegou a torcer o pé. Tomara que não passe de susto. Domingo ela vai brilhar em Paraisópolis/MG. Aldo e Edson, com DNA de lhama, dispararam na frente. Eu e Luis ficamos no bloco intermediário. As outras subidinhas do caminho viraram "formigueiros" perto da big one. Encaramos todas elas sem temor e nem deixar o ponteiro do velocímetro baixar (muito).

O plano final era um rolezinho no quarteirão em torno do Centro da Juventude para dar uma ampliada na distância, pouco acima dos dez quilômetros no traçado original. Considerei o contorno não previsto da rotatória e o já avançado da hora; e preferi simplificar as coisas, dando uma volta interna, um pouco mais curta. Gostei do que vi. A pista está um filé.

Vou correr MUITO aqui
Aos poucos, a galera foi chegando. A maioria abriu mão do giro final. Mas todos traziam no semblante a satisfação de mais um desafio vencido. Aplaudimos muito a Isaura, guerreira à beça. Assim como eu, ela se livrou do vício de fumar e está fazendo da corrida uma aliada poderosa no combate ao inimigo. Missão cumprida. Mais uma.

Depois da batalha, o sorriso
No próximo domingo não tem treino, já que boa parte da galera vai ao sul de Minas abrir a temporada de corridas. Se eu descolar uma vaguinha, vou lá brincar também (mas cumprindo a escala e correndo uns 5 km a mais, além dos quinze da prova). E na semana que vem, tem escalada até ao Morro da Antena, na zona norte de São José. Vai bem ou não vai?

Link no Garmin Connect:
http://connect.garmin.com/activity/262876125

Resumo do treino:







4 comentários:

  1. Departamento de diversão Dundes adverte: ULTRAMARATONA faz MUITO MAL para a sua saúde.

    E daí?

    Num mundo em que o desequilibrio impera. Corredor é que tem de virar Buda (ex. de pessoa equilibrada)

    Seja desiquilibradamente MUITO feliz meu amigo!!!!
    assinado Claudio Dundes

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    Respostas
    1. Falou tudo, Claudião. Se ultra (e equilíbrio excessivo) faz mal, felicidade faz bem à beça para a saúde. É ela que faz a gente ter vontade de levantar da cama de manhã e enfrentar as batalhas, essas e as outras todas.

      Abração e obrigado pela força de sempre.

      Apareça!

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  2. Belo treino, belo relato. Gostei.
    Abs.

    Tadeu Góes

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