sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Aprecie com moderação

Hidratação. Nesse tema, até o mais do contra concorda... Ou morre de sede! Sem ela, ninguém fica. No dia-a-dia, todo mundo já leu na cartilha a recomendação dos dois (às vezes mais) litros diários. Mas confesso que me dá uma certa agonia ver nas redes aquela paródia das latinhas nominais. Uma das milhares, aliás.
Melhor que Creydillene ou Websleysson é
Será mesmo? Para o corredor, principalmente o de longas distâncias, nem tanto assim... Há que se ter um certo cuidado em relação ao consumo de água. E não estou falando daquela bica impotável na beira da estrada ou da torneira mais que suspeita do boteco no caminho. Mas do exagero.

Não sou médico e não é o objetivo desse blog, de forma alguma, querer dar conselhos e pareceres como se fosse um. Mas há uma lógica simples, de qualquer leigo, aí: quem corre, transpira (e, normalmente, transpira muito). Perde, com isso, além de água, sais (quem nunca ficou com aquela areia no braço depois de secar?). Repondo apenas a água perdida, é natural que dilua ainda mais a concentração de sódio no organismo. E, se ele é perigoso em excesso, pode ser ainda mais em escassez. Hiponatremia é uma palavrinha feia às pampas, mas que deveria ser conhecida a fundo por todo mundo que pratica esportes. Mais ainda os de longa duração. Ainda mais os que têm postos de hidratação a cada "n" quilômetros.

A melhor parte
Há toda uma discussão, e eu a deixo para os cânones da ciência, sobre o que é correto. Beber só quando vem a sede? Ou essa sede já é sinal de início de desidratação e há que se preveni-la? Os artigos escritos pelos especialistas parecem mais preocupados em desacreditar quem pensa o contrário do que demonstrar a credibilidade das suas próprias informações. Aquelas recomendações teóricas de almanaque, consumir "x" mililitros a cada "y" minutos, esbarram em questões práticas, como a localização geográfica dos postos e o tempo que cada corredor leva para chegar de um a outro. Ou alguém aí corre carregando garrafão de vinte litros e copo com graduação?

Sendo assim, particularmente, sigo fazendo como vem funcionando bem para mim desde sempre nas corridas. Pegando um copinho d'água por posto de hidratação, bebendo um pequeno gole dele e usando o restante para a "ducha".

Tosquice do gráfico à parte, diria que é mais ou menos essa a proporção
O drama é que essa proporção tende naturalmente a aumentar, inverter-se, perder regras, à medida que a corrida avança. E eu me refiro a passar várias horas correndo, não a uma prova de 10 km com dois ou três postos de água pelo percurso. Dependendo de fatores como a temperatura ou a umidade do ar no dia, às vezes faltam mãos para carregar a quantidade de copos cobiçada. É aí que a água começa a deixar de ser inofensiva, mesmo que não tenha amebas (ou coisa pior) nela...

Arrisca?
E em uma ultramaratona de 24 horas, como a que eu pretendo disputar em junho, como será? E se essa ultramaratona não tiver postos de água a cada "x" quilômetros, mas acontecer em um local fechado, mais especificamente uma pista de atletismo, onde a cada quatrocentos metros você tem à disposição os copos d'água que quiser? Há que se resistir à fartura da oferta...

Tenho, claro, muito a pesquisar e o que conversar com pessoas de minha confiança e que detêm conhecimento para me aconselhar a respeito. Mas tendo a manter algo parecido com o que venho fazendo nas maratonas, adaptado para a realidade da prova em questão. Se os postos de hidratação das provas de longa distância surgem a cada três, quatro ou cinco quilômetros, imagino consumir um copo a cada dez voltas na pista, em média. Com margem de erro de tantos por cento (para mais ou para menos), de acordo com as características e necessidades específicas do dia.

No ano passado, o "oásis" era aqui
Além da água, certamente usarei também a bebida isotônica disponibilizada pela organização do evento, que ajudará bastante no equilíbrio dos eletrólitos. Essa, em menor quantidade, até pela natural preocupação que um portador de hipertensão arterial, como eu, deve ter em relação a tudo que contém sódio na composição. Imagino beber um copinho a cada parada, o que, no meu planejamento original, corresponde a um ciclo de vinte voltas na pista.

É mais ou menos por aí que a banda toca, penso eu... Gostaria muito de trocar ideias com quem já passou pela vivência das ultras, se possível, dessas em pista. Individualidades biológicas à parte, acho que sempre há o que aprender com a experiência alheia. Sem deixar de carregar sempre na testa aquela palavrinha fundamental, seja sobre água, seja sobre qualquer outra coisa: cautela.

6 comentários:

  1. Excelente post! Caminho do meio sempre, moderação é a palavra.

    Não tenho a vivência em circuitos ovais nem em ultras para opinar em nada, mas creio que sua estratégia está bem sedimentada. Vamos aguardar as dicas dos cobras.

    Aliado a hidratação, a suplementação, descanço e a estratégia de correr x caminhar y é certeza de sucesso.

    Não tenho dúvida que dessa sua experiência sairá a estratégia matadora, a boa referência, resumindo, o best-seller "cansado xandão" das Ultras em pistas de 400m.

    abração

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    1. É ouvir quem tem algo a dizer e tentar treinar isso na prática, camarada. Tudo é novidade... E tudo motiva muito. Vamos ver no que dá.

      Hehehehehe... Xandão, o ícone. Só você pra lembrar dele!!!

      Abração!

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  2. Olá,

    Não tenho experiência em ultras. Apenas em Maratona e em treinos de até 4h30, em Curitiba, cidade fria comparada com outras do Brasil.

    Minha visão é a da professor Tim Noakes, expressa neste post Beba água somente quando tiver sede. O prof. Tim Noakes é um pesquisador renomado. No livro ele analisou centenas de artigos científicos, livros, dados, notícias de jornal. A conclusão dele me parece a mais embasada cientificamente. E a que faz mais sentido como ser humano. Nosso corpo sabe o que faz. Não nos avisa para beber água tarde demais. Avisa (nos dando sede) na hora em que realmente precisamos de água.



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    1. Obrigado pela visita e mensagem, Adolfo. Também penso que faz muito mais sentido a sede ser um alerta da hora certa do que de ter passado da hora. E que a conclusão contrária tem bem mais pinta de apelo comercial.

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  3. Caros colegas, bom dia!

    Também sigo a orientação do prof. Tim Noakes. No último domingo estive da Corrida de São Sebastião, no Rio. Por conta do calor dos infernos os organizadores colocaram água a cada 1,5 km. Mesmo eu que transpiro muito e bebo bastante água senti sede em todos os postos. Quando não estava com sede passei batido.

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    1. Grande Daniel, nessa prova, em pleno verão carioca, eu também não acharia nada ruim ver os postos a cada 1,5 km.

      Vou procurar saber mais a respeito do que diz o Prof. Noakes. Agradeço a você e ao Adolfo pela indicação.

      Abraços!

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