segunda-feira, 17 de junho de 2013

Treino PL27 - Centro de Tradições Corredoras

Povo admirável esse gaúcho... Quando estive em Porto Alegre (aliás, parabéns a todos que correram lá a maratona ontem), pude ver de perto o quanto eles são apegados a seus usos e costumes. Gente de todas as idades pelas ruas bebendo o seu chimarrão. Linguajar todo peculiar, quase um idioma à parte. Gosto musical todo próprio. O tradicional (e magnífico) churrasco. E dezenas de outros exemplos poderiam ser dados. Mesmo os que estão longe do Rio Grande também costumam manter próximos a arte e a cultura de sua terra através dos CTGs, os centros de tradição gaúcha. Bonito isso. A manutenção de sua identidade.

Ser quem você é onde quer que você esteja
Um treino poderia ser só um treino; uma corrida, só uma corrida. Mas não. Não somos gaúchos, mas também somos tradicionalistas. Os laços de amizade que criamos no ambiente do esporte e vemos cada vez mais fortalecidos têm nos permitido cultivar as nossas próprias tradições. Que ainda são recentes, mas parece que já se tornaram eventos permanentes no calendário local. Arrepia só de pensar que um dia, quando não estiver sequer podendo correr mais, vou ver meu filho (ou a geração seguinte) fazendo um caminho aberto por mim.

Só espero que demore bastante!
A Volta ao Banhado é uma dessas jovens, mas já tradições. Não foi criada por mim, mas pelo meu irmão mais novo Michel, que anda atarefado além da conta e meio afastado das atividades da galera corredora. Pedi licença a ele, fura-olho que não sou, e decidi convocar a turma, que estava cobrando isso, para uma terceira edição. As duas primeiras haviam sido de pequeno porte, até pela distância e grau de dificuldade do trajeto. Esta surpreenderia.

Primeira edição, agosto de 2011

Segunda edição, agosto de 2012
De última hora, até o próprio Michel confirmaria presença, telefonando à meia-noite de sábado para domingo, quando eu já estava naquela transição entre acordado e dormindo. E a rapaziada compareceria em peso. Inclusive boa parte da tropa de elite municipal, alguns daqueles caras que ficam sempre no topo das listas de classificação de quase todas as provas da região. Não fazemos contagem oficial de participantes, achamos isso frescurinha. Mas é sempre muito bacana receber os amigos e ver bastante gente participando conosco. Todos são sempre muito bem-vindos.

Lotou o Poli
Depois de uma breve preleção do Luis Carlos, explicando o início do caminho; continuada por mim, tentando decifrar para a patota o enigma do restante dele, com uns vinte minutinhos além da hora prevista enfim deixamos o Centro Poliesportivo do Altos de Santana. Acompanhados, e bem, pelo quarteto Edward, Natanael, Luiz e César Severiano, que nos dariam um fundamental apoio ciclístico, transportando nosso material para hidratação (esqueci meu porta-garrafinha!), ajudando a indicar o caminho e registrando em belas imagens alguns dos melhores momentos do treino. Foram verdadeiros heróis e têm toda a nossa gratidão. Valeu mesmo, Pedal 100 Juízo!!!

 
Solidariedade sobre rodas
Mantivemos inicialmente o itinerário original das duas primeiras Voltas ao Banhado. Mas, não sei se contagiado pela cavalaria que não tardou a disparar à frente, o costumeiro ritmo tranquilo deu lugar a uma toada quinze segundos abaixo dos 6'/km. Que logo se transformaria em vinte e cinco, já no terceiro quilômetro. Sabedor de tudo aquilo que ainda tinha pela frente, tratei de puxar o freio de mão, mesmo que isso automaticamente me levasse para a rabeira da tropa. Na primeira bifurcação, seguimos pela pista da esquerda, deixando a outra para quem estava indo para a represa. Na segunda, depois de cruzarmos o riozinho, o inverso. Dobramos à direita para a porção mais rústica, em piso de terra e pedregulhos, de todo o trajeto.



Enquanto não vem o XTerra, um aperitivo...
Dessa vez, quase não daria tempo de fazer piuí... A passagem pela linha do trem, um dos destaques das edições anteriores, seria muito breve, substituída pela paralela estradinha de terra na maior parte do trecho. Não deu nem para o Tonico levar capote e rasgar a canela nesse ano... Aí não tem graça! ;-)

Na quarta, a gente volta a andar na linha
Aos oito quilômetros de treino, retornamos à civilização. Para encararmos as primeiras montanhas do dia. Não é à toa que uma das avenidas do loteamento Jaguary se chama Corcovado. Lógico que foi sofrido, principalmente para esse velho caminhão de areia que vos escreve. Mas comentei com o jungle man Sílvio Lima, participante da primeira edição e fazendo nova visita às famílias (a propriamente dita e a das corridas): até que subimos direitinho. Chegamos ao hairpin (uma das "gambiarras" que bolei para esticar o caminho além dos trinta mil metros) no muro do condomínio vizinho, o Paratehy, e à marca do km 10 em tempo razoável e excelentes condições.

Depois da cordilheira
Nada de moleza... Ao invés de dobramos à esquerda ao nos aproximarmos do campus universitário, e pegarmos direto a forte descida de volta à região central, acrescentei também ao percurso uma chegadinha até o beco sem saída depois da portaria. Sobe, desce, sobe de novo, desce outra vez. Uma verdadeira montanha-russa. E mais um cenário de encher os olhos. Taí algo que definitivamente não faltou nessa manhã de domingo...

Nem todo beco é bonito assim
Só ali, pelo miolo do Urbanova, é que encontraríamos o criador do treino. Numa das rotatórias, ele e seu pai montariam um importante posto de hidratação motorizado. E dali em diante, ele se juntaria a nós no caminho de volta a seu bairro. O sol já havia também aparecido para ficar, mas a temperatura seguia agradável, amenizada por um ventinho bom... Menos quando era contra! O caminho da zona oeste até a norte, cruzando o centro da cidade pela orla do Banhado que já atravessáramos, até que seria tranquilo. Optaria até por subir pela inclinada Avenida Anchieta ao invés da homeopática ladeira da Borba Gato.





Atravessamos tudo isso aí...
Porém, a partir da descida da Via Norte, o bicho começaria a pegar... O cansaço já era evidente. Rendi até bem no trecho de dois quilômetros com ciclovia e pista para caminhada. Mas cheguei à ponte sobre o Paraíba do Sul, alcançando nela um Edson manquitolando (que não seja nada mais sério, camarada, cuide-se bem!), já bastante desgastado. E não resistiria a uma paradinha estratégica para um isotônico sabor uva, na padaria da entrada do Jardim Telespark. Pensando seriamente em pegar um atalho para o ponto de partida, pertinho dali. Só não o faria por ser encontrado pela valente dupla Diego e Toninho.

Grande professor!
Passaríamos então por umas donas na porta de casa que, ao avistarem o veterano correndo, fofocaram algo como "esse vai ter um infarto"... Como se o risco maior não fosse justamente para quem não pratica atividade física, não cuida da própria saúde e, principalmente, da própria vida. E ainda se acha no direito de querer cuidar da dos outros... Vai vendo!

Ah, se morde...
Péssima ideia a de quem bolou(ei) essa parte final do trajeto... Depois de tudo o que já havia sido percorrido, ainda querer dar uma volta pelos arredores dessa região, a mais elevada de todo o perímetro urbano joseense, foi uma temeridade. Castigou bem, obrigou até à única caminhadinha de todo o dia, a subida forte da Rua Jaguari, parte do caminho daquele célebre treino Interdecks de fevereiro. Descer a Avenida Pico das Agulhas Negras (olha o nome!) foi um alívio para a cacunda. Tinha até reservas energéticas para completar os 31,5 km do mapa completo, mas retornar até a região da ponte, encarando mais subidinhas enjoadas... Achei melhor não! Segui então meu parceiro, o Corredor do Apito, e finalizei minha participação com bons 29,4 km rodados em três horas quase exatas, descontando a parada para hidratação. Não foi perfeito. Mas o passaporte para o Rio de Janeiro em 7 de julho, meu e de muitos outros que estiveram ali, está carimbado. Tenho certeza de que ninguém se arrependeu de não ter ido para Taubaté correr a provinha 0800 de 5 km...

A gente se vê por aqui...
Segue uma semana provavelmente com bem menos rodagem que os 62,9 km dessa que passou. Mas com direito a mais uma brincadeira das boas no final dela, os 18 km do XTerra em Ilhabela. E outros treininhos de boa, só para manter a atividade. E as tradições.

Australian feelings
Link no Garmin Connect:

Resumo do treino:

10 comentários:

  1. Olá Fábio.
    Essa foi bacana hein?


    Fico só imaginando as gargalhadas no meio do caminho!

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    1. Bacana mesmo, Luiz. Gargalhada sempre tem, essa galera é animada demais.

      Abraço, boa semana e bons treinos.

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  2. Treinaço,parabéns!!
    um dia ainda faço este percurso com vocês.
    Abraço e bons treinos!

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    1. Gostaria MUITO de te ver em um treino desses com a gente, meu amigo Jorge. Vê se anima pra próxima edição.

      Parabéns mais uma vez pelo recorde de distância. Você está no caminho certo.

      Abraços!

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  3. Treino de gente grande com jeito de brincadeira.
    Muito divertido porem desgastante.
    Que venha a edição numero IV em 2014 que eu farei o possível para estar presente novamente.
    Ontem foi o melhor de todos, pela primeira vez corri exatos 30km abaixo de 3h.
    Foram 2h 56min o que me deixa muito confiante para enfrentar os 42km da marvada de SP em Outubro e conseguir fazê-los abaixo de 4h 30min.
    Agradeço a você e a todos os outros participante, principalmente ao Montês Wilson que me aturou em grande parte do percurso no meu ritmo "lentium" principalmente nas subidas.

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    1. Satisfação grande em te receber mais uma vez por aqui, camarada...

      Parabéns pela conclusão desse treino casca grossa. Siga firme rumo à "marvada" de SP em outubro. Eu apostaria num sub muito mais sub do que esse sub.

      Abração e até agosto!

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  4. Tri legal !!!
    E tem gente que não gosta de tomar banho.....
    Abs.

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    1. Infame, Tadeu, infame... Haja água para esse banho!

      Abraços!

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  5. Amigo Namiuti, valeu por continuar este projeto.
    Confesso que gostaria que fosse mesmo em agosto, até para que eu conseguisse fazer por completo. Mas tá bom, ano que vem estarei mais dedicado aos treinos e mantemos o padrão. Também por experiência, julgo melhor mantermos o trajeto original, fazendo apenas o contorno do Banhado, sem adendos, que na verdade nos faz quebrar ao final.
    Demais, apenas lamento não ter largado com vcs e estar nesta foto. Mas muitas vezes na vida, temos que dar um passo pra trás para pegarmos uns impulsos mais fortes.

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    1. Valeu, grande Michel! Sua presença, mesmo que não em todo o percurso (e na foto oficial), foi muito importante. Obrigado pela companhia e pelo incentivo. Parabéns pelo trecho que conseguiu correr.

      Concordo com a transferência para agosto e com a redução para o trajeto original. Só fiz as mudanças para permitir que o treino se tornasse o principal longão antes da Maratona do Rio, da qual eu e boa parte da galera ontem vamos participar.

      Contamos com sua presença em outros eventos. Você é um dos nossos e faz MUITA falta.

      Abraços!

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