quinta-feira, 25 de julho de 2013

Treino PL44 - 'Cause this is freezer, freezer night

Quem diria, hein? Depois de sofrer feito cão sem dono, por conta do calor anormal nos domingos da Maratona do Rio e do Treinão da Fé, ambos em pleno inverno... Ninguém imaginava que ele fosse enfim começar! Demorou, mas veio pra valer.

No verão foi pipoca
Eu tinha a desculpa dos trinta e tantos quilômetros corridos até Aparecida e até poderia descansar mais um dia (a bem da verdade, totalmente parado ficaria apenas na segunda; na terça já estava de volta à academia para uma sessão de musculação só de parte superior). Mas não estava nem um pouco a fim. Curadas as dores nos quadríceps, judiados pela Dutra, era hora de voltar a dar uma corridinha leve. Mas como, naquelas condições inóspitas? Temperatura de um dígito só (pode ser muito para as serras gaúcha e catarinense, mas aqui é raridade) e, para piorar, com chuva junto...

#AntárticaFeelings
A saída mais óbvia era ir para a esteira. Tem uma velharia mecânica no meu condomínio, que eu nunca tive coragem de experimentar. E as da academia, que está a menos de cem metros de casa. Mas convenhamos: se já é difícil achar motivação para correr num frio desgranhento desses, no brinquedo do hamster então... Já estava convencido a ficar debaixo do edredom comendo pipoca e tomando Nescau (vixe, faz séculos isso...), quando resolvi postar no Facebook que estava saindo pra correr na rua. Não por exibicionismo. Para ajudar a criar coragem mesmo.

Ajoelhou...
Quando finalmente cheguei à rua, bateu o maior arrependimento... Não era mais a garoa fina que durou a tarde toda (saí várias vezes, para trabalhar, ir ao banco, levar e buscar o menino na escola, etc.; e passei friagem à beça). A chuva havia aumentado bem, levando a sensação térmica a níveis polares. Resignei-me e entrei porta de vidro adentro. O problema era que mais gente havia tido a mesma ideia...

Ruas vazias. Academias cheias
As esteiras todas estavam ocupadas por caminhantes... Que iriam demorar nelas. Até teria, se quisesse, o elíptico ou a bicicleta ergométrica para dar uma aquecidinha enquanto esperava. Mas sou, de toda vida, um camarada de temperamento meio intempestivo. Agradeci, dei parabéns ao instrutor Reginho, aniversariante do dia. E voltei ao plano original. Receber olhares de reprovação e ouvir sussurros de "esse é maluco" por todo o caminho. Para mim, é elogio.

Discípulo
No começo, confesso, foi horrível. De camiseta de manga longa, mas sem luvas, gorro ou outros apetrechos (não sei se conseguiria correr com isso tudo, acho que ferveria o radiador depois de 1 km) e tomando água e vento contra na cara, pensei até em desistir. Mas não tardou para que a sensação ruim dos primeiros passos se transformasse no costumeiro prazer de sentir o corpo em movimento. Antes de chegar à frente da Quinta das Flores, sem qualquer outro corredor ou caminhante em sua pista habitualmente lotada, já estava aquecido. E feliz.

Correr deixa assim
Mas não era dia (ou noite) de abusar, não só pelas condições climáticas, mas também pelas próprias. Ainda estava me recuperando do esforço de domingo; a semana inteira seria regenerativa, aliás, de baixo volume e pouca intensidade. Assim, escolhi um caminho curto e sem maiores dificuldades, seguindo até o final do condomínio chique e retornando pela lateral da ciclovia da Andrômeda. Três quilômetros de ida e outros tantos de volta. O bastante. Na quinta parcial, aproveitei o embalo da leve descida para sentar a botina. Fazer um tiro, no meu modesto conceito, na casa dos 4'20''/km. Que gostoso! Pena que o relógio pirou na batatinha e deu até um reset ao final dele.

Ih, congelou o tubo pitot do Garmin
Mesmo com o tilt do brinquedo, não parei. Se parasse, pegava pneumonia. Recomecei a cronometragem e completei o trajeto com passagens pela Iguape, Passeio Cidade Jardim e Cassiopéia. Somados os trechos, algo em torno de 6,5 km em 35 minutinhos. Não precisava de mais que isso. A missão estava cumprida e o sorriso, no rosto. Chuva? Frio? Nada que um banho e um prato quente não resolvessem depois.

Não há esteira melhor que essa
Posso e até devo estar fazendo tudo errado. Meus resultados não estão sendo expressivos (ué, um dia foram?) e corroboram essa tese. Meu desempenho nas provas-alvo não tem sido dos melhores, nem mesmo para meus baixos padrões. Mas tenho me sentido mais livre e me divertido como nunca. E isso tem me bastado. Acho que vou continuar assim...

Meu jogo é esse

12 comentários:

  1. Querido amigo,

    Realmente correr por obrigação de cumpri planilha não é o meu foco não. Mas, estou mais ou menos como você relatou neste post. Ou seja, saio pra ir na esteira quando vejo tudo lotado resolvo ir pra rua. Só eu ali, todo mundo olha admirado e a gente no começo até acha ruim. Mas, depois que o corpo aquece realmente é prazeroso. Ontem senti até o ar mais limpo devido a chuva e aqui em Paulínia isto tem que ser aproveitado devido ao alto grau de poluição que temos respirado ultimamente.
    Bons treinos amigo!

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    1. Pois é, Myla. Eu acho a esteira uma aliada importante, ajuda até no preparo psicológico para enfrentar provas de longa duração. Mas tem dias em que simplesmente não dá pique de encarar a dita cuja. E aí, o negócio é sair fazendo o que dá vontade, respeitando os limites do bom senso e da segurança, claro. E atraindo olhares tortos e comentários curiosos. E vice-versa.

      Bons treinos pra você também!

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  2. Maneiro Fábio.
    Coisa de guerreiro e heroi. Não é a toa que você é o Fábio Namiuti!

    Acredito que o frio com a garoa (ou chuva) pra começar a crrer é a mior barreira que tem!

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    1. Vou interpretar como elogio, Luiz... ;-)

      Começar, realmente não é fácil, com uma friaca dessas... Imagino que por aí, ainda mais. Mas, depois que começa, vai que vai!

      Abraços

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  3. Muito legal Fábio,

    Aqui em Brasília essa massa de ar polar ainda não deu as caras de verdade. Por enquanto não recebemos o frio que a galera do sul e sudeste está experimentando. Mas, vejo relatos desses como o seu e sei que loucos são os que não experimentam essa sensação de liberdade que a corrida proporciona. Superar a barreira do clima dá um gostinho a mais de vitória.

    Eu ainda ainda sou um pouco ligado em superar metas e seguir planilha. Me sinto realizado por ter concluído um planejamento com sucesso, e às vezes desmotivado, quando as coisas saem muito dos trilhos que tinha planejado. Mas, pensando um pouco sobre o assunto, acho que valorizar momentos como esse que você passou, ao treinar de baixo de chuva e frio, é que mantem a motivação em alta. Parabéns!

    E bons treinos

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    1. Se você postar isso no Facebook, Brasília vai receber muitos turistas no final de semana, Danilo... ;-)

      Nada contra metas e planilhas, eu tenho e uso também. Mas que a gente possa, mesmo que seja de vez em quando, experimentar a sensação de correr por correr. Vale MUITO a pena.

      Abraço e bons treinos!

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  4. Não basta correr, tem que congelar. É engraçado como são raros os dias de meia estação - os ideais para a corrida - como sofremos para treinar nesse país.

    Acredito que o fato de não atingir os objetivos nas provas alvo, acontece quando estamos alterando as distancias nos treinamentos. Você mudou de maratonista para ultra com alterações fortes de quilometragem. Na minha percepção, quando mudei de 10 para meia e de meia para maratona, perdi performance. Parece que o corpo está em transformação e essa adaptação tira um pouco as nossas "potencialidades". Muita gente diz que treinar para as provas mais longas melhora a performances nas mais curtas. Acredito nessa máxima, mas acho que ela não ocorre no processo de adaptação. Acho que depois que as novas conquistas fisiológicas do corpo, em virtude da alteração de treino, forem consolidadas, tudo melhora. Não concorda? Abraço!

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    1. Infelizmente, pura verdade, Gilson. Meio termo não é o forte do homem do tempo.

      Reflexão interessante, nunca pensei nesses termos. Pode realmente ter tudo a ver. Curiosamente, minha transição para a meia foi tranquila, fiz meu melhor tempo na estreia e nunca voltei a chegar nem próximo dele. Mas nas outras transições, realmente houve dificuldades de adaptação.

      Acho que meu desempenho ruim nas provas-alvo desse ano teve mais a ver com condições climáticas (muito azar!) do que com a minha preparação em si. Espero chegar bem preparado em Lisboa e não pegar um veranico no outono europeu.

      Abraço!

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  5. Parabéns Fabio!

    Fiz um treino muito parecido com o seu nesta terça-feira dia 23 de julho de 2013, no melhor estilo "treino-transporte" que quando tenho oportunidade eu divulgo.

    (*) O princípio do "treino-transporte" é muito simples e deve ter sido o mais praticado por todos nossos antepassados, consiste em aproveitar qualquer compromisso que você tenha para se locomover para qualquer lugar onde se possa chegar com roupas esportivas, geralmente faço para ir para os parques mais próximos da minha casa (no meu caso o Parque do Ceret fica a 4 km e o Parque do Piqueri fica a 8 km) ou para ir até a estação do metrô mais próxima (no meu caso a estação Carrão fica a 6 km e a do Tatuapé fica a 8 km).

    E foi o que fiz, fui correndo os 8 km que separam a minha casa do metrô Tatuapé, correndo agasalhado no melhor estilo cebola (com várias camadas de roupas), calça leg (debaixo de uma calça de tactel para não pagar mico no bairro, risos!!!), touca para corrida, encarei o frio de 6 graus com vento e garoa contra que dava uma sensação térmica que estava na Antártica, risos!!!, e ainda por cima correndo com mochila.

    Nesta quinta-feira (hoje) dia 25 de julho vai ter replay, risos!!!, e viva a liberdade de correr na rua, pois além de ser mais ecológico, pois economiza energia elétrica da esteira, da televisão e da luz de lampadas também contribui para sermos menos um em contribuir com o trânsito caótico dos nossos bairros. Um grande abraço!

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    1. Bacana, Pinguim. Parabéns por colocar em prática o interessante conceito do "treino-transporte". Divirta-se, seja ecologicamente correto e siga dando bons exemplos.

      Abração!

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  6. Como sou adepto da boçalidade, concordo com deixar o "conforto" da esteira para encarar as ruas. Um dia já fui hamster de esteira, hj tenho pavor das mesmas. Em partes devido aos fortes impactos sofridos em alta velocidade, que danificaram um pouco meus joelhos.
    Talvez, por isso meus resultados nunca foram expressivos (e um dia tb foram?rsss). No meu caso, tenho a certeza que sempre fiz tudo errado e, talvez seja a hora de começar do zero. Quem sabe assim meus dias nas corridas durem mais, ou pelo menos sejam menos sofríveis.

    Só tenho algumas ressalvas qto ao frio. Hj em dia, sei na prática que, não é só a intensidade de frio que pode nos trazer danos, mas tb o tempo de exposição ao mesmo. Eu já "congelei" uma vez. Já fui na temperatura de 32ºC. Ou seja, estado de choque. E foi difícil sair daquela.

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    1. Também já fui mais hamster, Daniel. Acho que o mau estado e a pouca quantidade de esteiras da academia que frequento vem influenciando no surgimento dessa ojeriza.

      Verdade, o tempo de exposição ao frio realmente é uma variável importante. Bom não dar bobeira, principalmente antes e depois de correr. No de ontem, restringimos o tradicional blá-blá-blá a apenas durante a sessão de treino.

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