segunda-feira, 8 de abril de 2013

Treino 56 - Trabalha e confia

É o lema grafado na bandeira do Espírito Santo, estado brasileiro em que estive pela última (e única) vez em 2008; e para onde um dia ainda pretendo voltar e correr outras provas. E me acompanha pela vida. Faço minha parte. Dou duro. Preciso, não tenho outra alternativa. E creio. Inclusive em mim.

Faço ambos
A demora na confirmação da prova-alvo das 24 horas vem tendo efeitos negativos sobre a minha preparação. Fica complicado manter a motivação em alta sem uma deadline, o relaxamento é meio inevitável. Felizmente surgiu outra oportunidade de fazer algo semelhante, embora em proporções bem menores, no final deste mês de abril em Praia Grande... Os 50 km na pista, posso dizer, salvaram a pátria!

Eis o que me espera
A planilha originalmente previa para este domingo uma sessão com oito horas de duração e aquele método com intervalos para caminhada e paradeira total. Sem a Virada Esportiva na alça de mira curta, não vi motivo para pegar tão pesado. Reprogramei e preferi convocar meio de última hora os amigos para um treino mais convencional, longo, mas não tão interminável. Ou chato.

Acontece que a maior parte da galera já tinha planos para o final de semana. Havia uma das etapas do Circuito Bar do Mané em Guaratinguetá e o pedal para Guararema, entre outras opções. Restariam, assim, poucos companheiros de batalhas dispostos a me fazerem companhia na empreitada. Às sete da manhã de um domingo que começou friozinho, mas foi ficando abafado no decorrer do dia, quem apareceu aqui no portão do prédio foram só o jungle man Sílvio e o incansável Edson. Sem problema. Se tem mais de um, já é coletivo.

Parada dura
Novamente ficaria a meu encargo a montagem do roteiro. Mas este não teria os inúmeros calombos do usado na última quinta-feira. Começaria em descida, na Avenida Papa João Paulo I e Viaduto Frei Galvão. E seguiria num retão só, o da Avenida Mario Covas, sentido centro. Fugindo propositalmente da sua parte montanhosa.

Os primeiros quilômetros seriam nesse trecho mais que manjado, onde certamente já corri centenas de vezes. Depois do viaduto da Dutra, a avenida passa a se chamar Jorge Zarur, mas continua igualmente plana. O que não quer dizer rápida, pelo menos não neste treino, que está só no começo e ainda vai longe... Difícil controlar o ímpeto do Edson, que quer disparar, pela força do hábito. Mas seguimos todos juntos, ficando sempre acima dos 6'/km, com raríssimas exceções.

Cenário comum
Atravessamos a São João e a avenida ganha outro nome diferente, vira Doutor Eduardo Cury. Quase nada muda. O córrego ainda passa ali no meio, o chão não tem qualquer inclinação, as duas pistas, movimentadas toda vida durante a semana, agora estão quase desertas. Pegamos o rumo do bairro Urbanova e encontramos a ciclovia e pista de caminhada da Avenida Lineu de Moura. Finalmente começamos a subir um bocadinho.

Duas rodas. Ou pernas
Passamos pelo rio Paraíba do Sul e entramos à direita, sentido mais costumeiro de nossas aventuras pela região. A Avenida Possidônio de Freitas tem uma pista elevada e outra mais suave. Vou, como sempre, pela de baixo. Encaramos a rampa mais forte, depois da sede do GACC, ainda todos juntos. Mas, aos doze quilômetros, Sílvio anuncia que não vai nos acompanhar na esticada até o final do muro do condomínio Paratehy. Edson, empolgado como de costume, quer ser apresentado à cordilheira do residencial vizinho, o Jaguary. Fica para outro dia, parceiro...

Nada desse naipe hoje
Agora em dupla, seguimos e fazemos o bate-e-volta onde acaba o asfalto. Retornamos pela pista oposta. Saudamos companheiros de esporte em todo o caminho, inclusive a Silvelene, que já vira o mapinha na rede social e manda um incentivo para alcançarmos a distância completa. Agradeço, mas já começo a duvidar que vou conseguir cumprir integralmente o projeto. Esquenta. O morro é ainda mais forte e eu fico um pouco para trás. Só não perco contato porque as descidas fortes vêm logo depois. Sinto o "jantar de massas" da véspera mandando o recado lá de dentro e compreendo que vou ter que atender ao chamado da natureza. Por sorte, logo ali à frente, há a Adega.

Felizmente descendo
O barzinho, já na Avenida Shishima Hifumi, volta à parte plana do bairro, é velho conhecido. O dono agora é outro, mas consegue ser ainda mais gente boa que o antigo. Paro para esvaziar uma garrafa d'água mineral e completar meu squeeze com outra. Ele oferece até banho de chuveiro. Não é o caso. Preciso é de outra coisa, meio urgente. Quando saio da casinha, sou outra pessoa e estou pronto para continuar a batalha. Sozinho. Edson sumira no horizonte.

Alívio imediato
Já sem o mesmo entusiasmo, alterno caminhada com trote nos próximos dois quilômetros. Volto a correr na saída do Urbanova e no trecho mais tranquilo, em descida, do clube de campo até o aquático. Penso pela primeira vez em desistir, com apenas metade do caminho original percorrido. Não vejo motivo para isso. Não sinto dores, não estou (muito) cansado, as condições não são extremas. Prossigo, mesmo sem vontade de subir a Avenida Anchieta. Mas subo.

Chego à região central da cidade, avisto o belo cenário natural do Banhado e sei que vou tê-lo à minha esquerda por um bom tempo. Paro na famosa barraca do coco do final da avenida e mando uma garrafinha do isotônico natural, que cai muito bem. Renovo energias. Já havia tentado fazê-lo também com os pequenos sachês de mel, usados hoje experimentalmente no lugar do carboidrato em gel. Aparentemente funciona e o sabor é bem mais agradável.

Só o cenário é que era outro
Percorro a orla, hoje sem qualquer traço do agito do dia-a-dia. E desço a Avenida São José, aproveitando para constatar que ainda sou, aos 27 km, capaz de rodar em pace começando com cinco. Pelo menos morro abaixo. Chego à Via Norte e dou de cara com uma competição de ciclismo. A pista, que costumo ver tomada de corredores, agora é das bikes de velocidade. Está lotada e bonita. Distrai e ajuda o tempo a passar. Paro até para dar uma assistidinha.

Não é a minha praia, mas é legal de ver
Chego perto novamente do rio que dá nome à minha região, seu Vale. Mas não o cruzo dessa vez, viro à direita antes. Retorno pela Avenida Rui Barbosa, movimentada pela saída do culto evangélico. Vou para a paralela Olivo Gomes e faço uma nova escala, agora no Parque da Cidade, para reabastecer mais uma vez a garrafinha. Tenho vontade de tomar um sorvete ou açaí, mas resisto. Sigo em frente, correndo corajosamente nas subidas do viaduto ferroviário e da Avenida Tenente Névio Baracho.

Trem doido, sô!
Se fosse para seguir o mapa previamente desenhado, deveria rumar pela plana Fundo do Vale. Mas prefiro voltar ao centro da cidade e me garantir, caso precise pegar o transporte coletivo. Passo pelas ruas XV de Novembro, Major Antônio Domingues e Euclides Miragaia e avenidas Nelson D'Ávila e Adhemar de Barros. Paro, troto, ando. Estou exausto, mas contente por quebrar meu recorde de distância no ano, que era de 32 km até então.

Na Heitor Villa-Lobos, tenho uma decisão difícil a tomar. Se seguir pela pista expressa do Anel Viário, só vou poder entrar no ônibus bem mais à frente. Olho para o ponto, ele olha para mim. Tenho vontade de prosseguir e me aproximar dos 40 km, pelo menos. Vejo no relógio que já passa de onze e meia da manhã. Vou atrasar o almoço de família. Estaciono. Sinto que poderia rodar bem mais, mas dou por cumprida a missão. Começo a acreditar que os 50 km são possíveis.

Tudo isso aí
Salto do coletivo na Andrômeda e completo os 35 km trotando levinho pela Rua Enseada até o ponto de partida. Chego nitidamente cansado, mas bem mais inteiro do que em longões de outrora. Foram quase quatro horas, contando caminhadas e quase cinco, somando também as paradas, inclusive aquela mais longa, onde perdi peso e companhia. A média de velocidade, distorcida pelas "andadas", é bem fraca para meus padrões (embora seja de 6'51''/km e não os 7'30'' mostrados na imagem abaixo), mas o que ela importa? Sigo trabalhando. E confiando.

Link no Garmin Connect:
http://connect.garmin.com/activity/294692278

Resumo do treino:


8 comentários:

  1. Se servir de inspiração, em novembro terá uma etapa da k21 no ES. é uma boa hein?

    E se não confirmarem a virada, vamos para Urubici.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Começou com "K", é "karo" demais pro meu gosto, hehehe...

      Urubici é sonho de consumo. Quem sabe, hein?

      Abraço!

      Excluir
  2. Grande treino Fábio, pena eu ainda não estar em condições de rodar 35km com vocês, mas eu chego lá.
    Parabéns pela força e perseverança.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Valeu, Sílvio, obrigado pela companhia no início do treino. E parabéns pelo discernimento de ir até onde era tranquilo. Somando sábado e domingo, você rodou quase tanto quanto eu. As férias estão te fazendo MUITO bem.

      Abração e até quarta!

      Excluir
  3. Parabéns,Namiultra!!
    No dia da prova vai ser só diversão,a parte mais difícil você já está fazendo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Diversão das grandes num "playground" pequeno demais, meu amigo Jorge... ;-)

      Acho que estou fazendo a lição de casa. Da minha maneira, mas estou. Vamos ver no que dá.

      Abraço e obrigado pela força!

      Excluir
  4. Parabéns pelo treino!!!
    é um incetivo encontrar outras pessoas com objetivos e metas traçadas e muitas já alcançadas....não deu para os 42 km, mas os 35 km estão no caminho, e é isso que importa.....um dia chego lá, pois estou começando a treinar para a minha primeira meia maratona que ira ser no Rio em Julho....já tem 4 anos que corro e treino com o pessoal da ADC-INPE ....mas só agora que tomei coragem de sair da zona de conforto e buscar novos desafios, o grande problema dessa corredora é não levar muito a sério os treinamentos...mas a meta pra essa meia será de sub 2:10 e espero conseguir

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado pelas palavras, Silvelene. Às vezes soa como "pressão", mas é bom saber que tem mais gente sabendo o que a gente planejou e mandando energias positivas. Seja numa prova importante ou apenas em um treino como esse, sempre acaba ajudando.

      Boa sorte nesse seu projeto. Sair da zona de conforto é bom demais. Correr 21 km também. No Rio, então, ficou perfeito. Grande estreia no admirável mundo das meias maratonas pra você! Divirta-se e faça o melhor que puder.

      Excluir

Obrigado por estar comigo neste caminho. Deixe também o seu registro de passagem. Dê sentido à existência disso tudo.